tag:blogger.com,1999:blog-50681053401986695142024-02-18T18:47:19.564-08:00.dois tempos.Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.comBlogger79125tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-6703103483805588662016-10-16T08:29:00.005-07:002016-12-30T02:14:31.259-08:00Trabalho invisível<div class="Textbody" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-pagination: widow-orphan; text-indent: 42.8pt;">
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Ultimamente,
quando alguém me pergunta o que tenho feito ("E aí? Cantando muito?"),
tenho dito sempre o mesmo: sim, tenho ensaiado bastante, e isso está me
deixando muito satisfeita. Mas essas palavras, ao vento, não fazem jus ao que
está acontecendo. Até mesmo porque trata-se de uma pergunta retórica, muitas
vezes, e não vem ao caso me alongar na hora.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Mas, para
quem mais quiser saber como andam as coisas e o que venho fazendo etc., tem
esse texto aqui – que precisava escrever para mim, de qualquer jeito.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">O lance é:
venho fazendo um trabalho invisível. E, que incrível, há tempos não me sentia
tão bem artisticamente como agora.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">E neste
momento, com este trabalho invisível, não há nada imediato. O processo é
tranquilo e tem seu tempo, e não há urgência em mostrar resultados. Há uma necessidade
de estar constantemente ensaiando e criando, mas estranhamente não há muita ansiedade,
nem angústia. Não há desespero em afirmar que se está em atividade. Porque há
aquela sensação inigualável de se estar fazendo o que tem de ser feito.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">É engraçado
que quando trabalhamos com artes – em qualquer área das artes –, geralmente
queremos e precisamos falar sobre nossos trabalhos, ou melhor: precisamos
mostrar ações, resultados. E a cada incentivo, a cada compra de produto (CD, livro,
quadro), a cada pessoa que diz ali, na rede social, que se emocionou com algo
nosso, nos sentimos amparados. Sentimos que está tudo indo bem, que as coisas
estão seguindo como deveriam.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Acho que de
forma geral acabamos relacionando a felicidade de sermos artistas ao reconhecimento
de quem nos cerca, à aprovação de outras pessoas. O carinho de terceiros é
muito valioso para nós, e acaba tendo mais importância até do que o ato de –
por exemplo – sumirmos para o mundo, pensando no que estamos fazendo. Acaba,
lamentavelmente, sendo mais valiosa esta aprovação e legitimação de outrem do
que o ato de criarmos, sozinhos ou acompanhados (mas longe das atenções, dos
holofotes), sem qualquer registro em vídeo ou foto.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Este ano, em
abril, iniciei uma série de ensaios com o guitarrista Pedro Costa, e desde lá
coisas muito importantes vêm acontecendo comigo. Porque certamente este tempo
que estou tirando para investir em minhas músicas era algo que há tempos eu
precisava fazer; ou melhor: era algo que eu estava esperando que eu fizesse há
tempos.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Eu precisava
parar e me concentrar na minha criação e no que eu queria dizer musicalmente.
Sobre o que eu queria falar? A respeito de quê, exatamente, eu tinha/tenho
necessidade de me expressar? Que tipo de melodia quero fazer? Com qual tipo de
música eu me identifico para falar sobre este ou aquele assunto? Qual mensagem
quero passar para mim, e para quem mais quiser me ouvir? Que tipo de sonoridade
me traduz melhor? Quais palavras preciso pronunciar? Quais trechos de canções
deixei de lado e preciso retomar?</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.8pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Fico
satisfeita em poder finalmente colocar em prática algo que precisava fazer há
tempos, e principalmente porque a falta disso era algo que estava me
frustrando. Faltava algo – e acho que sempre vai faltar, visto que somos feitos
dessa inquietação e vontade de evoluir – mas era uma falta que eu sabia que
existia e não queria resolver imediatamente. Protelei bastante (e ainda assim
penso que está acontecendo na hora certa), mas finalmente encarei. E lembro
como me senti no dia do primeiro ensaio. Fui à rua logo depois, participar de
uma performance, e uma sensação de libertação estava bem intensa dentro de mim.
Sensação de que agora, sim, estava começando a resolver o que tinha que ser
resolvido. Esta sensação me deu muita paz.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="line-height: 18pt; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-indent: 42.8pt;">
<o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><o:p></o:p><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt;">Certo dia –
há dois anos, já – tive que pensar sobre esta questão do aval dos outros. Eu
havia deixado, à noite, dois vídeos meus subindo no Facebook. Ambos já estavam
no YouTube e eu já os havia divulgado. No dia seguinte, de manhã, fui conferir
se os vídeos haviam mesmo sido publicados pelo Facebook e vi vários comentários
de amigos que haviam adorado os dois vídeos que fiz. Além de descobrir naquele
dia que quando um vídeo é publicado pelo próprio Facebook o alcance é muito
maior do que quando se coloca o link para o YouTube ou Vimeo (pois o Facebook
espertamente divulga bem melhor aquela publicação), descobri como eu me guiava
pela legitimação dos outros. Eu, que andava um pouco desanimada, ao ver tantas
pessoas curtindo, elogiando, falando que amaram aquelas músicas e minha
interpretação, me senti nova em folha. Me senti querida e pronto, o desânimo
foi momentaneamente embora. Pouco depois me avaliei: como assim? Apenas quando
“aprovam” o que faço me sinto motivada? Isso reverberou bastante tempo em mim e
me fez abrir muito os olhos em relação à importância que damos a qualquer
opinião que não seja a nossa. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.8pt;"> Mas acho que
entendi que os momentos mais
valiosos são esses do recolhimento e do pensar sobre si como artista. São esses da criação, de conseguir transformar em arte o que se está sentindo, o que se vê, o que se vive. Mostrar depois
o que se criou é necessário e faz parte da ação artística – a ideia é comunicar,
também –, mas o fato de gostarem ou não deveria ser só um detalhe. Quem tem que gostar, mesmo, somos nós. Tão difícil quanto libertador entender (e incorporar </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 16.6667px; text-indent: 57.0667px;">–</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.8pt;"> algo que ainda não consegui fazer totalmente) que já é uma grande conquista gostar de si mesmo como artista.</span></div>
</div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-32786687789126807962016-07-25T14:27:00.001-07:002016-12-08T03:54:04.542-08:00As mulheres e eu<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 16.6667px; text-indent: 42.55pt;">Tenho pouquíssimas parcerias com mulheres. Quando acontecem, são ótimas. Mas por que são tão raras?</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Em 2015 fiz o show Tudo quer viver com Claudia Holanda. Também ano passado participei de shows da amiga Dandara Ruffier. Em 2007/2008 cantei no projeto Peneira Gruvi, com Laura Lagub. Já dei algumas canjas em shows de cantoras, e algumas delas deram canjas em shows meus. Mas nada combinado, ensaiado antes, parceirizado mesmo. Tudo no improviso bacana, mas só porque a situação chamou.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Para quem já está cantando há bastante tempo, na verdade isso é muito, muito pouco. Ok, minha primeira banda, formada em 2000, era de meninas majoritariamente. E em 2004/2005 cantei na banda de punk rock feminina Staples. Estas duas experiências foram muito importantes. Ok, legal, mas e depois disso? Quase nada. E se eu for comparar com a quantidade de parceiros homens, fica ainda mais evidente o quanto isso é, repito, quase nada. Já parceirei com Mauro Aguiar, Dudu Godoi, Pedro Logän, Luis Militão, Jurandy da Feira, Adriano Siri, André Gardel, Walter Fernandes, Sandro Dornelles, Amin Nunes, Silvan Galvão e muitos, muitos outros. Fosse cantando em shows deles, fosse compondo, fosse participando em seus CDs, ou convidando-os para cantarem comigo em meus shows, ou gravando suas músicas, ou criando shows em parceria.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">No meu CD Temperos há apenas uma compositora presente, Adriana Cunha. E apenas uma participação feminina além da minha, a de Laura Lagub. Nenhuma instrumentista, nenhuma outra vocalista além de mim e da Laura, que também fez a preparação vocal.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Ok, vamos tentar cavar mais: o projeto Doces Cariocas (de cujo CD participei) contava com Alexia Bontempo, além de Pierre Aderne e Marcelo Costa Santos. No show Paneiro Amazônico, parceria minha com Silvan Galvão, contamos com várias percussionistas da Orquestra de Percussão Amazônica – além, é claro, da flautista Gabriela Góes, que faz parte da banda de Silvan. O que mais? No projeto de música infantil Ginjom, Rita Albano e eu éramos as representantes femininas. E Ana Sucha foi a percussionista do show Tudo quer viver no Godofredo. </span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"> Legal. Mas poucas vezes chamei musicistas mulheres para meus shows solo. Contei com Aretha Nobre no pandeiro em um ou dois shows. Uma vez a baixista Marfa tocou em um show meu, na praça São Salvador, substituindo o músico que sempre tocava comigo. E acho que é isso. Não lembro de outras situações.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Minha vivência com outras mulheres musicistas é tão, mas tão pequena que preciso tentar achar uma explicação. Por que isso? Onde foi que começou este distanciamento? </span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Fiquei pensando se não foi a animosidade de algumas mulheres que fez com que eu me afastasse delas. Algumas situações chatas aconteceram, implicâncias estranhas vindas de outras artistas me atingiram desde que comecei a cantar na noite, em 2008. Mas não, esta não é a razão desta distância. Digo isso porque já muito antes, em minha extinta banda, Pic-Nic, que durou cinco anos, fiz pouquíssimas parcerias com mulheres – só lembro de Andrea Thompson e Bia Grabois. Este afastamento vem de longa data.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Desde o final do ano passado venho matutando sobre minha relação com outras mulheres, e tem sido ótimo tentar perscrutar esta questão. Tentar entender o porquê de tanta distância, tanto constrangimento. Com certeza tem muito a ver com admiração e com insegurança. Creio que eu deixe de me aproximar de outras musicistas porque as admire muito, e... “será que serei bem recebida?” Não, nem sempre somos recebidas de braços abertos por outras; nem sempre recebemos outras mulheres de braços abertos. Uma pena! Mas isso não pode nos impedir de continuarmos tentando uma aproximação.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">E outro aspecto fundamental é o da competitividade. Esta é muito estimulada entre os seres humanos, de forma geral, mas é disseminada com especial dedicação entre as mulheres. É interessante para a sociedade que assim o seja. Então, lamentavelmente, desde muito cedo nos comparamos e julgamos, mutuamente. E sem dúvidas tudo isso é levado para a vida adulta – e como não seria? E aí quem sai ganhando são as indústrias farmacêuticas, de cosméticos, os cirurgiões plásticos, as academias. A nós, resta apenas o lixo: a competitividade, a desunião e a insegurança. E um sentimento de solidão, é claro.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Tem sido muito importante viver mais atenta a esta questão, pensar sobre “as outras & eu”. Porque felizmente algumas mudanças vêm ocorrendo, e penso que foi graças a este meu questionamento que, por exemplo, as poetas/letristas Karina Limsi e Jade Prata se tornaram parceiras neste ano – e, aliás, isso me deu uma felicidade tão grande que nem consigo descrever por ora. </span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">O que tenho certeza hoje é que quero fazer música com muitas outras mulheres, pessoas que, tenho certeza, têm tanto a trocar comigo. Ando fascinada por iniciativas como Mulheres Criando e Sonora, grupos e festivais que motivam esta união, este encontro tão importante entre nós, mulheres musicistas.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Ando me sentindo entusiasmada, mais confiante, e sei que, dentre muitas outras razões, isso também tem a ver com a minha aproximação com o universo feminino.</span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Para finalizar, um chamamento: você, mulher poeta, instrumentista, escritora, cantora etc., chegue junto! Sejamos parceiras – na arte e na vida.</span></span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-50502927347393528642016-06-30T11:23:00.000-07:002016-10-06T06:45:38.965-07:00Fissurando o machismo (com a música)<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="western" lang="" style="line-height: 115%; margin-bottom: 0.35cm; text-indent: 1.5cm;">
<div class="western" lang="" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0.35cm; text-indent: 1.5cm;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/FiL-nBI2CdI/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/FiL-nBI2CdI?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><br /></span></span>
<span style="font-family: georgia, serif; text-indent: 1.5cm;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, serif; text-indent: 1.5cm;">Há tempos venho querendo falar sobre o machismo na música. Venho pensando em como abordar isso, pois é um papo desagradável e bem delicado. Poderia citar muitos e muitos casos que vivi (alguns até já foram descritos aqui – mas sem a temida palavra “machismo” ser mencionada, que eu me lembre).</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Mas me ocorreu algo: eu bem que poderia, por ora, falar exatamente sobre o contrário.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Me peguei pensando no papel importante da música ao combater estereótipos. Ao quebrar tabus.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Quando a música vai de encontro ao sexismo o resultado é lindo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Porque estes dias me peguei pensando em umas cenas que quebram essa história de “macheza” (taí um conceito bem... ridículo, para dizer o mínimo) com maestria. Lembro-me de ver Gil e Caetano dando uma bitoca de meio segundo na TV. Lembro do frisson que isso causou, se não na sociedade, ao menos na minha cabeça. Eu tinha uns sete anos.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Vejo, hoje, vídeos antigos. Vejo Djavan e Caetano cantando “Sina”, em 1983/1984. Este vídeo me emocionou desde a primeira vez que o vi. Os dois no palco cantando abraçados, e também de mãos dadas em certo momento, em plena comunhão. Já fiquei vendo este vídeo no dia em que foi divulgada uma declaração horrorosamente machista de um político, para lembrar que o mundo também é cheio de momentos delicados e assim poder me curar daquele bode. (Funcionou.)</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Penso em uma de minhas canções favoritas do Gil – devem ser umas 20 – e sei que a letra desta é um dos motivos para que eu sempre queira ouvi-la. “Eu passei muito tempo aprendendo a beijar outros homens / como beijo meu pai (...)”. E continua, enfatizando sua sensibilidade e fragilidade: “Diga a ele que não se aborreça comigo / Quando me vir beijar outro homem qualquer / Diga a ele que eu quando beijo um amigo / Estou certo de ser alguém como ele é / Alguém com sua força para me proteger / Alguém com seu carinho para me confortar / Alguém com olhos e coração bem abertos para me compreender”. Considero muito importante (e bela) esta declaração presente em “Pai e mãe”: eu, homem, preciso de proteção, carinho; eu, homem, beijo outros homens. Parece bobo e talvez pequeno, mas imagine crescer ouvindo coisas deste tipo, seja em música, seja em discurso, ao invés de “homem não chora”, “isso é coisa de bicha” e outras frases tóxicas? Se eu, que sou mulher, tivesse crescido ouvindo frases parecidas com as de Gil, por exemplo, hoje meu trabalho de desconstrução de minhas atitudes machistas seria bem menos árduo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">E que tal “Super-Homem – a canção?: “Minha porção mulher, que até então se resguardara / É a porção melhor que trago em mim agora / É que me faz viver”. Particularmente, não me encanta o elogio ao feminino, mas sim ouvir um homem falando sobre ter, sim, uma porção mulher.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">E mais uma do Gil (ok, ele é meu fraco, já admiti isso): em “Tradição”, ele diz que reparava numa garota do Barbalho. E reparava tanto, que acabou reparando no rapaz que ela namorava. “Reparei que o rapaz era muito inteligente / Um rapaz muito diferente / Inteligente no jeito de pongar no bonde / E diferente pelo tipo / De camisa aberta e certa calça americana”.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Quando Caetano diz “Ele me deu um beijo na boca”, ou que retribui a piscadela do garoto de frete do Trianon (pois sabe o que é bom), ou ainda quando faz uma canção para Dadi (o leãozinho que arrasta seu olhar como um imã), ou para Petit (e pede a este que tome a canção como um beijo), isso é fissurar o machismo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Silva, em seu clipe “Feliz e ponto”, também engrossa este caldo. Ele e mais dois atores protagonizam a história de um trio de amantes / namorados, e Silva se relaciona com ambos (a mulher e o homem). Criou um estranhamento positivo, e fez isso com arte, beleza, amor. E, ainda por cima, a música é ótima. (Grata pela dica, Clara Gurjão!)</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Momento papo chato: há um tempinho Fernanda Torres escreveu uma coluna que realmente deu vergonha alheia, dado o grau de machismo de suas palavras. Pouco depois teve que escrever um texto pedindo desculpas pelo chorume. Ok. Daí, para fechar com chave de latão, um artista visual (sim!) escreveu um texto revoltado com as desculpas de Fernanda (ele não a cita em nenhum momento, mas o contexto está bem claro), falando que o artista “não pede desculpas por seus textos”. “O ser humano, através das palavras, desafia o senso comum”, diz ele.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Bem, em primeiro lugar, por que um artista não poderia pedir desculpas? É uma pessoa como outra qualquer, que falha – e, aliás, está muito mais passível de erros, porque em teoria está sempre arriscando. E sua responsabilidade é grande: ele comunica a muitos. Se errar, tem que pedir desculpas, como todos nós – artistas ou não! Fico pensando se em algum momento a pessoa que escreveu este texto odiando a “Mea culpa” de Fernanda Torres pensou que o machismo é pura e simplesmente a expressão máxima do senso comum. Defendê-lo, ou negar sua existência, ou dizer que não atrapalha muito, é simplesmente apoiar o que já está sedimentado. Não sei se existe algo menos ousado e menos artístico do que reforçar o status quo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Bom, deixando de lado esta galera careta – no pior dos sentidos: é a galera que morre de medo das mudanças que estão acontecendo –, quero dizer o seguinte: estes artistas que citei (Gil, Caetano, Silva) fazem exatamente o que não se espera que eles, como homens, façam. E, como artistas, nos tiram da zona de conforto. Ousam e nos inspiram. Nos mostram que podemos quebrar regras e pensamentos antigos. Fissuram o machismo com suas artes.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Gosto de pensar em “fissurar o machismo” porque Jon Holloway diz que é isso o que devemos fazer em relação ao capitalismo: fissurá-lo. Criar pequenas alternativas. Nada disso irá extinguir o capitalismo, nem a crueldade do sistema em que vivemos. Mas certamente algumas pequenas atitudes podem mudar nossa vida para melhor. E vejo que alguns artistas tornam nossas vidas muito mais bonitas ao irem (eles sim) contra a corrente e ao terem a coragem de falar do que (ainda, lamentavelmente) causa estranhamento. São pequenos atos que têm grande efeito sobre nós, mesmo que nem notemos, a princípio. E é muito incrível finalmente perceber o quanto a música, de forma sutil, pode nos guiar por caminhos tão mais coloridos, abertos e felizes.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">(Este texto não pretende fazer um apanhado de todos os artistas incríveis que fazem este trabalho de “fissura”. A ideia era apenas citar, de forma bem espontânea, as canções que mais me tocam neste sentido.)</span></div>
</div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-7553836605662401372016-06-12T17:46:00.000-07:002016-10-06T06:46:25.531-07:00Eu me transformo em outras<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; margin-bottom: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/MBD0wS1_z0I/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/MBD0wS1_z0I?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"> Há alguns dias o – maravilhoso – compositor Roque Ferreira fez um ataque furioso a Zélia Duncan. Foi uma fala muito estranha e sem sentido, mas que, pelo menos, gerou uma resposta brilhante de Zélia (porque, afinal, quase tudo tem um lado bom).</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Explicando rapidamente: Roque, baiano do Recôncavo, grande nome do samba de roda e da música brazucafro, se recusou a disputar com Zélia a categoria Melhor Álbum de Samba, dentro do Prêmio da Música Brasileira. Zélia lançou em 2015 o CD Antes do mundo acabar, só de samba, e isso fez com que o compositor concluísse que “ela não é sambista, é oportunista”. Chamou Zélia de roqueira, mostrando grande preconceito com este gênero musical e grande desconhecimento sobre a carreira da cantora. E mostrando que, em sua visão, quem “é” de um estilo musical jamais poderá “ser” de outro. Triste, mas verdadeiro.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Eu, daqui, fiquei espantada e ao mesmo tempo fascinada com este episódio. Espantada porque quando um artista do quilate de Roque Ferreira fala uma coisa dessas, o que fazer? Eu me sentiria muito mais frustrada com uma bordoada dele do que com o esculacho de um crítico, ou de algum troll de internet. É muito mais difícil lidar com a grosseria e implicância de uma pessoa talentosa e brilhante, admirada por nós, do que por alguém que nem sabemos quem é, ou alguém que não admiramos. E fiquei fascinada porque a reposta de Zélia foi muito boa.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">A réplica, publicada também em sua coluna de jornal (título: “Eu não sou eu”), aliás, vale ser lida na íntegra, mas destaco aqui alguns trechos: “Me entristece o que está havendo, pois rótulo é coisa de gente que pensa pequeno, que não olha o céu amplamente (...) Me chamar de roqueira muito me orgulha, mas não me traduz por completo e soa como um triste fundamentalismo musical. (...) Pra desespero de puristas, me sinto feliz de várias maneiras. (...) Sou uma intérprete e canto o que eu quiser, liberdade conquistada com muito suor e trabalho.”</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">A meu ver este caso só mostra o quão brilhantemente Zélia está levando sua carreira. E, de verdade, eu não fazia ideia do quão abrangente era sua trajetória, não tinha ideia de metade das parcerias sambísticas que ela cita no texto (Mariene de Castro, Ana Costa, Mart’nália, Paulinho da Viola, entre outros), e por isso não havia parado para pensar no quanto ela produz, no quanto ela é livre neste sentido. Conhecia o DVD (impecável) Eu me transformo em outras, conhecia seu CD só de gravações do Itamar Assumpção, seu show com Simone, com os Mutantes. Mas há muito mais do que isso, a mulher não para. Vai com todo mundo. Ao ler sua resposta e depois sua coluna em jornal, admirei-a ainda mais, porque estou agora achando que talvez Zélia seja uma das artistas brasileiras que mais se aventure por campos diversos. Encontrei mais uma figura para me inspirar.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Por causa deste episódio lembrei-me também de um trecho do documentário Coração vagabundo, sobre Caetano Veloso. Este afirmara que a melhor música do mundo era a norte-americana, em alguma ocasião que não sei qual foi. Daí uma publicação musical, em uma entrevista com Hermeto Paschoal, trouxe o assunto à tona, e pediu a opinião do instrumentista: “(...) não dá pra ouvir uma bobagem dessa de um cara que nem o Caetano, que como poeta é bom, mas como músico é um musiquinho...”</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">O documentário mostra a reação de Caetano ao saber deste comentário de Hermeto, e a resposta de Caê é muito boa; mas o que fica, para mim, é o quanto é marcante (para o mal) quando um ataque vem de alguém que gostamos. Caetano não sabia desta posição de Hermeto, e aquilo o deixa surpreso. Deve ser porque este comentário venenoso não parece vir de um cara como Hermeto, que produz tantas belezas. Não combina, parecem duas pessoas distintas: o maledicente e o sensível. Assim como é dissonante que um compositor como Roque chame, injustamente, uma cantora de oportunista. “Um ressentimento que não condiz com a poesia de sua obra… Pra mim, sua fã confessa, uma decepção imensa. Mas, há 35 anos cantando, já aprendi que a beleza de uma obra nem sempre vem aliada à beleza de quem a produz, por incrível que pareça.” Falou e disse, Zélia.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Vejo um grande conservadorismo – ou fundamentalismo musical, como bem disse Duncan – nesta atitude de Roque, e talvez até mesmo um ciúme (será?) por uma “novata no samba” como Zélia Duncan se aventurar por estas praias (coisa que ela já faz há tempos, como explicou). José Maurício Machline, criador do Prêmio da Música Brasileira deu a pista, ao comentar o pedido de Roque para não ser indicado: “O Roque não é dono do samba, nem do Recôncavo, nem de nada, por isso não vou retirar a indicação, temos um regulamento.”</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Não sei se realmente Roque se acha dono do Recôncavo ou do samba, mas certamente ele acha que tem mais propriedade sobre este gênero e esta cultura do que Zélia. Do contrário, nunca teria feito este comentário esdrúxulo, nunca teria ficado irritado com algo tão banal – e tão bacana. Afinal, que bom que o samba está vivo, que bom que tantas pessoas gostam dele, que bom que ele é gravado, que bom que fazemos samba e vamos fazer sempre. </span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Este episódio também me fez lembrar daquela vez em que um grande radialista daqui do Rio disse que eu estava “misturando muito”. Ele ainda não havia chegado a ouvir meu CD, mas, apenas pela minha descrição do mesmo, ele concluiu isso. Esta pessoa é uma sumidade quando se fala em rádio, mas é interessante pensar que, de fato, quem sabe do meu som sou eu, muito mais do que ele. Quem sabe se devo misturar ou não, quem sabe o que é melhor para mim, sou eu. Nem ele, nem Roque, deviam ficar indignados com as escolhas de qualquer artista, pois de nada adiantará. Vamos continuar fazendo, sempre, para desespero dos fundamentalistas. </span></span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-66305942976694841632016-06-06T19:36:00.001-07:002016-10-06T06:58:26.181-07:00Temperos pra vida<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 16.6667px; text-indent: 42.55pt;">Engraçado. Nunca escrevi aqui no blog sobre como foi lançar meu primeiro CD. Nunca escrevi em lugar nenhum, aliás; nunca falei detalhadamente sobre o assunto. Acho que rolou uma ressaca (boa) tão grande em decorrência do lançamento que fiquei meio inebriada durante um tempinho, e daí o tempo passou e acabei não retomando o tópico. </span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Estou agora ouvindo o CD, pois fui passar o link do YouTube para uma colega musicista e, sem perceber, deixei o som rolando. Fazia um tempo que não ouvia meu CD, e me peguei curtindo o som, como se fosse uma ouvinte, apenas. Que interessante! Interessante também foi relembrar como me senti ouvindo o CD físico pela primeira vez, no dia seguinte ao show, colocando-o no toca-CDs com certo medo. Porque acontece que o CD chegou exatamente no dia do show de lançamento – foi duplamente especial este dia, mas não recomendo a adrenalina! –, e eu não havia feito o test drive no bichinho. Foram cem CDs vendidos no lançamento (iêba!), mas eu ainda não sabia se a fábrica tinha dado mancada ou não, vixe! Que alívio ouvi-lo, e que felicidade senti ao colocá-lo em meu guarda-CDs e ver sua lombada ao lado de outros discos que adoro, muito bem acompanhado.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Acho importante escrever isso agora. Não porque eu queira supervalorizar este empreendimento, mas exatamente porque sei que às vezes tenho uma atitude de deixar para trás o que já foi feito, às vezes até subestimando meus feitos, e pensando apenas no que está por vir. É importante lembrar o quanto fazer este CD mudou minha vida. Me tornei uma pessoa muito mais caprichosa, exigente com meu trabalho. Eu, que já havia desistido há tempos de fazer um disco, vi que isso era possível. E, apesar de alguns percalços, fui até o fim. O processo foi lindo, e esta é a melhor parte. Quando o processo é bom, o final importa bem menos, pois já se está no lucro desde o início. Já se o processo for ruim... Acho importante repensar, porque a cobrança interna pelo resultado final será enorme, e provavelmente haverá frustração.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">E o que eu notei nas tardes, noites e algumas manhãs que fiquei no estúdio com o produtor acompanhando as gravações ou gravando, pensando arranjos, formações, conversando e tendo ideias, foi que estava acontecendo ali um crescente amadurecimento meu como profissional. E isso só se deu porque resolvi me juntar a pessoas focadas, contagiando-me com aquela forma de pensar trabalho, aquela entrega típica de quem ama e respeita o que faz.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Bem, e no dia 16/07/2014, quando meus vizinhos-santos chegaram no Teatro Sérgio Porto carregando duas caixas de CDs (a entrega foi feita em minha casa e eles quebraram este galho gigantesco), onde eu já estava desde as 14h passando som, foi incrível entender que realmente aquilo tinha acontecido. Não chorei, não dei gritinhos – acho que estava muito pé no chão e concentrada demais para aquele show, que também exigiu uma bela produção –, mas a felicidade foi grande em abri-lo, vê-lo ali, no duro, o primogênito.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Nos dias seguintes fiquei curtindo as pessoas falando sobre o show, sobre o CD, e foi uma delícia saber que tantas pessoas se emocionaram com as músicas e que aquilo que fiz as tocou. Acho que por isso os efeitos do pós-show foram inebriantes: foi muito amor, muita energia boa, aliados à sensação incrível de ver um projeto finalizado.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Se pouco tempo depois eu já estava decidida a não fazer mais shows deste CD, foi por uma ótima razão. Foi porque entendi que já havia completado uma etapa e já podia falar sobre outros assuntos, mais meus. O ano que se seguiu, 2015, foi bastante focado na criação e na reflexão, e, mesmo que vivamos em uma sociedade onde (voltando ao assunto) produto é tudo e processo não é nada, foi um ano artisticamente importantíssimo, talvez o mais importante até agora. E só consegui ter este momento de criação e de me voltar para dentro de mim porque o Temperos já existia, e me fazia lembrar que eu era capaz de fazer muito, o que eu quisesse, na verdade. Fosse gravar um CD e fazer um show lindo; fosse compor e cantar meu próprio discurso. </span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Fica aqui o registro e o reconhecimento da importância de ter colocado meu bloco na rua; de ter feito, com medo mesmo, aquilo que deveria ser feito. Que bom que entendi, talvez inconscientemente, à época, que “aquilo que temos de aprender a fazer, aprendemos fazendo”.</span></span></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-89057321937551229952016-05-02T16:14:00.002-07:002016-10-06T06:59:02.045-07:00O violeiro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/TEFxYz8I9ME/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/TEFxYz8I9ME?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 16.6667px; text-indent: 42.55pt;">Eu devia ter uns 14 anos, mais ou menos. Comigo, minha irmã e os amigos Antonio e Thiago. Estávamos no calçadão da praia da Barra, bem em frente à minha casa, e por isso nos sentíamos seguros por lá, mesmo que já fosse alta noite. Ficávamos nós quatro lá, rindo, tocando Nirvana, Blind Melon, talvez Led Zeppelin e sei lá mais o quê ao violão. Sempre rock, sempre um som norte-americano ou inglês. Era o que curtíamos, o que víamos na MTV. Os CDs que comprávamos eram dessa galera aí.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Sempre que nós estávamos com o violão no calçadão, ou em qualquer lugar, aparecia alguém. Era tão certo isso que eu cheguei à conclusão de que quando alguém estivesse triste, se sentindo solitário, resolver o problema seria fácil: bastaria pegar um violão e ir para a rua, pois invariavelmente alguém apareceria para bater papo, cantar alguma coisa, mostrar uma canção.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Acontecia mesmo, e era divertido (às vezes inconveniente, mas geralmente divertido). E nesta noite específica veio um rapaz de seus 38 anos, por aí, e pediu licença para nos ouvir. Ficamos lá e depois, não lembro como, a viola foi parar com ele. Ele deve ter tocado mais de uma canção, mas uma música específica me marcou bastante. Ele tocava muito bem, e falava sobre enforcar o pescoço da viola (e o fez enforcando mesmo o pobre violão, bem embaixo da mão do instrumento), e tocava, emocionado, versando sobre amor, dinheiro não.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Lembro dele falar, entre uma das canções, sobre música brasileira. Sempre muito respeitoso e sem invadir nosso espaço, ele, entre outras coisas, disse: “acho que precisamos valorizar o que é nosso.” Eu não entendia quase nada de MPB que não fosse Jorge Ben ou Daniela Mercury — dois artistas que, naquela época, eu já nem ouvia mais. E a verdade é que eu não achava que o que era “nosso” fosse tão bacana assim. Não entendia porque é que deveríamos valorizar algo apenas por ser de nosso país. Mesmo que entre os 10 e os 11 anos de idade eu tenha ouvido O canto da cidade, de Daniela, e o álbum (quer dizer: fita) 23, de Jorge, até a exaustão, aos 14 já os estava desprezando. Como se pode ver, eu realmente estava precisando ouvir aquilo que aquela pessoa dizia. Porque apenas muitos anos depois fui entender aquele pensamento. Muito tempo depois aquilo foi reverberar em mim. E engraçado é que, mesmo sem concordar com o que ele disse, nunca esqueci a frase. E nunca esqueci a canção que ele tocou naquela noite, de forma tão interpretativa, como se estivesse em um grande palco, e não mostrando uma novidade para quatro adolescentes usando camisetas pretas.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Este episódio se deu em 1998, pelos meus cálculos. E o bacana foi que em 2010 a história voltou à tona. Estava eu ali, nos Arcos da Lapa, em frente ao Semente, conversando com o amigo Thiago, o mesmo que ficava conosco rindo de qualquer besteira e tocando rock no violão até altas horas na praia, e falamos sobre esta época. Mencionei o dia específico do rapaz que tocou Elomar (agora eu já sabia que aquela linda música se chamava “O violeiro”, que era de autoria do incrível cantador da Bahia, e que havia servido de inspiração para Caetano em “Beleza pura”). E daí a surpresa. Thiago me disse: “Aquele cara era o Fred Eça. Eu o vi várias vezes depois, lá pela Barra.” Fiquei muito feliz que ele não só lembrasse daquele dia, como também soubesse a identidade do cara que falou algo tão importante, que ficou marcado em minha memória.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Hoje em dia sei exatamente do que é que Fred estava falando. Não se trata de valorizar algo apenas por ser fruto de nosso país. Entendo que aquilo ali é parte de nossa identidade, e assim sendo aquilo ali nos explica um pouco mais sobre quem somos.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Quando, em 2008, comecei a cantar como intérprete de MPB na noite, e mesmo antes, em 2006, quando comecei a cantar em um grupo vocal focado em MPB e música afro, eu fui aos poucos me sentindo muito, muito bem. Fui conhecendo um universo tão rico, diverso, tão cheio de detalhes, nuances, tão colorido, solar. E isso foi essencial para minha saúde, para minha alegria, para minha empolgação em cantar. Foi essencial conhecer algo que, como mencionei, me ajudava a decifrar um pouco mais de mim.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">E o lance é que aquele som que Fred tocou, antes de qualquer coisa, é bom demais. Não é só “nacional”: é surpreendente, ousado, estranho e belo. Aquele som e muitos outros estão aí para nosso deleite, para nossa alegria. Nada a ver com nacionalismo. Falando por mim, digo que tem tudo a ver com identificação. Com achar um lugar. E também com misturar aquilo ali com o que eu bem quiser, e fazer daquilo mais uma ótima referência, algo para ser usado e abusado. Para ser citado por Caetano ou por mim; algo que podemos e devemos reinventar. Taí. Aproveitemos.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;">Sou grata ao Fred pelo grande presente musical que nos deu naquele dia. Pelas palavras importantes, que só puderam ser ditas porque ele, felizmente, se sentiu à vontade para trocar conosco. Nós, que parecíamos pertencer a um universo aparentemente tão diferente daquele universo que ele vinha nos trazer, na verdade absorvemos tudo (mesmo que bastante tempo depois). </span></span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-66318878879471112512016-04-17T12:07:00.002-07:002016-04-18T05:56:27.139-07:00Ecad, melhora isso aí<div class="MsoNormalCxSpFirst" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Estes dias entendi porque o Ecad é tão malquisto, e resolvi contar o causo que me levou a esta compreensão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Já adianto que no final dá tudo certo, e que esta nem é lá uma grande história. Mas que é um bom exemplo de um <i>modus operandi</i> estranho, isso é. E por isso acho até que tenho a obrigação de escrever sobre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Usarei nomes inventados para contar a história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Bem, o lance é o seguinte: eu estava fazendo a produção de um show em parceria com um amigo, em um teatro muito bacana, um espaço que adoro. Fomos contemplados com duas datas, através do edital da instituição. Porém, tratava-se de um edital sem financiamento, onde a instituição apenas disponibiliza o espaço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Digo isso apenas para que fique claro que aquele show pedia uma boa dedicação para que, além de bonito, fosse autossustentável (sem prejuízos). Nós, músicos, trabalhamos muito: ensaiando; pensando em revezamentos entre nós para não precisarmos de bilheteiro; pedindo ajuda ao técnico de som da casa, visto que não poderíamos contratar um; divulgando via internet e fazendo assessoria com jornais; conseguindo equipamento emprestado com um amigo; conseguindo carona com este mesmo amigo-santo para transportar os amplificadores; e mais um bando de detalhes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Um destes detalhes era o Ecad, que eu precisava resolver.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No dia 23 de março enviei um e-mail ao órgão:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Olá Giulianne,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Dia 5 de abril farei um show no ---- com o músico ----. Gostaríamos de acertar com o Ecad em um contrato pós-borderô (visto que é a forma mais econômica para nós, músicos independentes).<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Como proceder? Envio por aqui mesmo a lista do repertório?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Grata,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Guidi<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Eu havia enviado o e-mail me dirigindo à Giulianne, pois havia sido ela a pessoa que me atendeu em relação a um show que fiz em 2013, no mesmo espaço. Mas quem respondeu ao meu e-mail, neste mesmo dia (23 de março), foi a funcionária Rizoflora, que me enviou dois formulários para preenchimento: Coleta de Dados para Execução Pública Musical + Roteiro Musical.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Demorei uma semana para enviar os dois formulários, visto que ainda estávamos ensaiando e decidindo o repertório. Assim que decidimos enviei os dois arquivos por e-mail, no dia 1º de abril. Logo recebi resposta (mesmo dia) dizendo que os arquivos não vieram anexados (eita! Falha nossa), e os reenviei prontamente, poucas horas depois.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Fiquei no aguardo. Até o dia 04/04 eu não havia recebido resposta, e era véspera do show. E sem que eu estivesse com a questão do Ecad resolvida, o teatro não poderia permitir que o show acontecesse. Liguei para o Ecad para saber do meu caso, e consegui falar com Rizoflora. Ela disse que responderia no mesmo dia o meu e-mail. Perguntei: “Mesmo? O show é amanhã.” “Sim, amor”, respondeu ela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No mesmo dia recebi o e-mail dela, com a notícia:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Boa tarde, Guidi!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">O valor do recolhimento autoral, do evento ----, que ocorrerá no dia 05/04/2016, no ---- é de R$ 216,00.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No aguardo. <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Rizoflora<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Fiquei assustada com este valor (que comeria boa parte de nossa bilheteria) e repliquei, alegando que já havia alertado sobre nossa preferência pelo pós-borderô:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Olá Rizoflora,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Sempre opto, como optei desta vez (e já havia notificado a vocês via e-mail, há 12 dias), pela opção pós-borderô.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Fico no aguardo de mais explanações, obrigada.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Guidi<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">A resposta foi impressionante:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Boa tarde, Guidi!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Trocamos e-mail no dia 23/03/2016 e em nenhum momento isso ficou acordado entre nós, ate porque para a entrega de borderô posterior ao evento é necessário fazermos o termo de garantia mínima, o qual você paga 30% antecipado e o complemento se houver uma receita maior do que o cobrado antecipadamente. No dia 01/04/2016, que recebemos seus formulários preenchidos, os quais hoje estou dando tratativa. Contudo, o máximo que podemos fazer, uma vez que o show é amanha é lhe conceder um desconto, o valor autoral fica em R$ 172,80.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No aguardo.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Rizoflora<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">E lá fui mostrar que sim, eu havia avisado sobre o pós-borderô:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Olá Rizoflora,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No e-mail abaixo (enviado dia 23/03) eu digo claramente:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">"Gostaríamos de acertar com o Ecad em um contrato pós-borderô (visto que é a forma mais econômica para nós, músicos independentes)."<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Por favor, leia abaixo </span></i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">[o e-mail na íntegra estava encaminhado].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Apesar de achar que eu estava falando com Giulianne (pessoa que me atendeu em 2013), você foi a pessoa quem respondeu a este mesmo e-mail, e foi por este e-mail que continuamos o diálogo.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Obrigada,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Guidi<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Depois disso a situação melhorou:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Boa tarde, Guidi!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Você pode apresentar o borderô após sem problemas, mas será necessário fazermos a Garantia mínima. O valor do termo fica em R$ 64,80 . Por gentileza nos encaminhar os documentos abaixo:<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">- CPF<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">- RG<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">- Comprovante de Residência.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Atenciosamente,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Rizoflora<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Enviei os documentos escaneados e neste mesmo e-mail perguntei, apenas: “Qual o próximo passo?”. Rizoflora respondeu:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Boa tarde, Guidi!<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Configurarei o termo e lhe encaminharei para imprimir duas vias, rubricar as três primeira paginas e assinar a última, entregará aos meus cuidados no endereço abaixo, onde fará a retirada do boleto da Garantia e após a apresentação do evento nos encaminhará o borderô para analisarmos.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"> End: Avenida Almirante Barroso, nº 22 - Centro/RJ.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"> Ok?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Atenciosamente,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Rizoflora<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Já eram 16h28, o Ecad deveria fechar entre 17h e 18h. Perguntei:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Olá Rizoflora,<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Hoje eu poderia ir até que horas ao Ecad?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">E amanhã? <u>A partir de que horas</u> e <u>até que horas</u> posso ir ao Ecad?<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Apesar de ser pior amanhã (visto que é o dia do show), creio que seja o mais provável.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Obrigada<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">A resposta:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Boa tarde, Ingrid! <o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Segue em anexo o termo [de Responsabilidade], trabalhamos de 9h às 18h.<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Após receber este e-mail, decidi que resolveria a questão no dia seguinte. Pedi a meu namorado que fizesse isso por mim, e exatamente pensando nesta possibilidade foi que sublinhei no e-mail a pergunta sobre os horários: não queria que ele, que nada tinha a ver com aquele assunto, se deslocasse até o Ecad e desse com a cara na porta ou não encontrasse Rizoflora. Eu não poderia ir porque tinha uma prova às 10h, e da prova iria pegar os amplificadores para o show, e então seguiria para a passagem de som (e foi assim que aconteceu: saí da prova, peguei os amplificadores no Flamengo e na Lapa, com a carona do amigo que emprestou os equipamentos, e fui para o teatro. Absolutamente nenhuma brecha de tempo). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">No dia seguinte, chegando ao teatro, meu namorado me encontrou por lá e me contou: Rizoflora não estava no Ecad no momento em que ele foi até lá (bem como imaginei que poderia acontecer) e foi dito a ele por outra funcionária que não havia nenhum responsável ali que pudesse assinar o Termo de Responsabilidade. Esta funcionária disse que não haveria problema, pois eles enviariam o termo assinado por e-mail, e já que o principal eles podiam fazer, que era emitir o boleto para que o mesmo fosse pago e o show fosse liberado. Ele seguiu para o banco, fez o pagamento e me encontrou no teatro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Apesar de toda esta correria <i>bem</i> <i>no dia do show</i>, a apresentação rolou muito bem. Foi bem cansativo, ficamos nos revezando na passagem de som para cumprir com as necessidades da produção, mas contamos com a colaboração de muitas pessoas também na bilheteria (inclusive pessoas que iam se apresentar como convidadas no dia), e o namorado ficou na entrada do teatro e na venda dos CDs. Deu tudo certo. Não tivemos prejuízo, reembolsamos a grana do Ecad para o namorado, tudo bonito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Eis que uma semana depois, dia 12 de abril, recebo o seguinte e-mail:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"><i>Boa tarde, Prezados!<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"><i>Até a presente data não recebemos o borderô, referente ao evento do dia 05/04/2016. Sem o mesmo até o fim do dia, emitiremos em cima da capacidade do local.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"><i> No aguardo.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"><i>Atenciosamente,<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;"><i>Rizoflora<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">É verdade! Eu precisava enviar o borderô assinado por mim e pelo teatro. Havia ficado tão extenuada com a produção do show (e principalmente com esta história do Ecad) que me esquecera do compromisso pós-show. Mas preciso dizer que achei esta forma de lembrete bastante ruim. Quase uma ameaça, não? Afinal, teríamos que simplesmente pagar aquele valor inviável para nós (R$ 216,00) se eu não tivesse acessado meu e-mail, se eu tivesse passado o dia fora de casa, se eu estivesse sem internet.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Fiquei impressionada com a falta de jeito do Ecad para lidar com o artista/produtor/casa de show etc. Só respondendo meu e-mail quando liguei para pedir que o fizessem, na véspera do show. Dizendo que eu não havia falado nada sobre o pós-borderô, sendo que eu havia falado. Dizendo que eu poderia ir lá entre 9h e 18h, e isso não era verdade (visto que meu namorado foi até lá às 12h30, aproximadamente, e saiu sem o Termo assinado, apenas com o boleto). Dizendo que teríamos que pagar a porcentagem do Ecad calculada em cima da casa cheia (como se o teatro tivesse vendido todos os ingressos), caso não enviássemos até o fim daquele mesmo dia o borderô.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Felizmente eu estava em casa e enviei o borderô na mesma hora. Recebi a confirmação de Rizoflora de que estava tudo ok.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Se de fato eu não tivesse visto aquele e-mail e me fosse cobrado o valor de R$ 216,00, acho que infelizmente eu chegaria a meu limite e faria um escarcéu. Seria a gota d’água, depois de uma produção extenuante e um atendimento bem ruim </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 16.6667px; text-indent: 56.7333px;">por parte deles</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">, ter que dar um dinheiro que eu não tinha para uma instituição visivelmente desorganizada (não vou nem entrar em outras questões relativas ao Ecad, bem mais espinhosas – todos sabem quais são!). Mas que bom que não foi preciso.</span></div>
<div class="MsoNormalCxSpMiddle" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , "serif"; font-size: 12.5pt;">Ah, não que eu faça questão, mas até hoje não recebi o Termo de Responsabilidade assinado. Nem pedi isso, mas é engraçado ver como o Ecad é exigente com o artista, mas talvez não seja assim tão exigente consigo e nem se preocupe tanto em cumprir com todas as suas obrigações.</span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-36183889559531833012016-01-27T09:28:00.000-08:002017-04-26T17:17:12.944-07:00São Paulo é uma festa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/tI0PdqYjcB8/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/tI0PdqYjcB8?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.46cm; widows: 0;">
<br />
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Sampa aniversariou anteontem, e eu não havia me tocado de que precisava escrever, mesmo que não muito, sobre o que sinto por esta cidade. Minha pouca vivência em SP é inversamente proporcional ao meu fanatismo por este lugar. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E depois </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">de ler o texto de Clara Averbuck (“Ei, São Paulo”) e, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">logo em seguida,</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> ver o clipe de Anna Tréa (“Paulista”), entendi que </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">eu também precisava falar sobre</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> minha admiração por Sampa</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">São Paulo é o seguinte: m</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e deixa acesa </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">m</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e dá frio na barriga. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Por quê? Porque é</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> muita expectativa, é muita possibilidade. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">É muito para a minha cabeça, e eu quero cada vez mais deste muito, como uma viciada que não mede as consequências.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Acho que tudo começou e</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">m 2011, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">quando, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">voltando de um festival em Jundiaí, o amigo Sandro Dornelles me arrastou para o </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">sarau </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Lua Nova, na capital </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">(à época, no bar Varal)</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">. Depois de ouvir várias pérolas </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">naquela noite </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">(três cantoras interpretando “Coco do coco”, delicioso), em dado momento Renato Braz chegou e, como se sua simples presença já não bastasse, o cara vai e canta “Ipê”, uma de minhas canções preferidas. Entendi que </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">era assim que a coisa funcionava em </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">São Paulo. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Entendi que </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ali </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">havia ambientes onde era</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> possível ir do samba </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">coco </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ao Belchior, sem preconceitos.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Confesso que o</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> cinza </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">já me fez ficar depressiva no primeiro olhar</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> (pobre SP, a culpa nunca foi sua, o cinza estava dentro de mim). </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E o engraçado é que hoje este mesmo cinza me preenche. Quando o vejo não me vem mais tristeza; acho-o</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">tão </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">forte, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">tão </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">necessário </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">para mim, para o mundo</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">... </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E hoje, ao chegar na cidade, me sinto privilegiada. Me sinto sortuda, como se estivesse ganhando um presente especial. Aproveito qualquer ocasião para poder estar por lá. Crio cada vez mais necessidades, invento qualquer desculpa. Faço qualquer negócio para estar vivendo um pouco do que Sampa tem.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E quero aproveitar ainda mais, muito mais. T</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">enho sonhado com uma vida dupla. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Metade aqui, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">metade lá. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">A</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">proveita</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ndo</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> ao máximo esta capital tão efervescente e cheia, que a cada vez que me vê me contagia com mais alguma coisa boa. Alguma canção, alguma peça, algum show, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">claro, mas, mais do que isso, u</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">m </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">novo </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">tipo de pensamento. Um</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">a nova</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> abertura musical, filosófica. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Sempre volto com mais uma peça do quebra-cabeça, ou, ao contrário, com um tormento novo, uma questão nova para pensar.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E por todas estas </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">questões novas e</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> possibilidades </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">que sei que virão até mim em qualquer estadia na cidade</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">, ao chegar no Tietê (momento em que </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">sempre me vem a</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> música “Quem é cover de quem”, de Itamar Assumpção, na cabeça - ele é a voz que inconscientemente escolhi para representar esta cidade) sinto</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> uma ansiedade boa. E também andando pela</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Paulista, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">à noite, sozinha; ou de tarde, acompanhada. Vendo casais gays de mãos dadas na Augusta. Andando </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">pelo Centro Histórico, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">conhecendo a</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Biblioteca Mario de Andrade, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">vendo o Metá Metá n</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">a Casa de Francisca, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ouvindo um choro no</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Ó do Borogodó, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">me refrescando no bebedouro</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">do </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Parque Trianon, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">vendo a exposição sobre Dona Ivone Lara no</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Itaú Cultural, a </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">exposição sobre Augusto dos Anjos na </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Casa das Rosas, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">vendo e ouvindo Suzana Salles n</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">o Teatro de Arena. Uma ansiedade que não estraga nenhum momento, mas, ao contrário, faz com que eu o viva com mais intensidade, mais sede, aproveitando-o inteiramente. </span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Vou deixar a parte mais romântica para o fim, uma graça para quem conseguiu atravessar estes parágrafos melosos. Em junho de 2014 ganhei um par de ingressos para o (ótimo) filme </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>Riocorrente</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">, de Paulo Sacramento, que se passa em São Paulo. Por que ganhei este regalo? Porque ao responder à pergunta “qual sentimento eu carrego por São Paulo”, fui sincera, derramada, quiçá ridícula, mas, de novo, sincera, e minha declaração de amor foi uma das ganhadoras da simpática promoção. É com ela que fecho este texto, que eu já queria ter escrito há muito tempo, para poder espalhar aos quatro ventos que eu, simplesmente, amo São Paulo.</span></span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
“<span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Carrego uma saudade enorme - uma saudade de quem nunca esteve verdadeiramente lá, por muito tempo, por inteiro, e só pôde sentir levemente o gosto da cidade. Carrego esta saudade (misturada com lamento) porque sei que perco muito por não viver esta metrópole: há um universo imenso que certamente me traria muitas delícias, e que, só para me fazer doer, é próximo demais daqui (e por isso me parece tão distant</span></span></span><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e).</span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.46cm;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><span style="font-size: 9pt;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">Por enquanto, São Paulo é apenas isso: uma grande saudade-lamento.”</span></span></span></span></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-43352766819583110472016-01-25T14:56:00.001-08:002016-02-01T08:15:05.007-08:00Foi mal aí<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">Tenho
tentado muitas coisas. Contato com pessoas que admiro, trocas
musicais com ídolos consagrados, bem como com artistas independentes. Pessoas
que não conheço (ou que mal conheço) e que são muito boas no que fazem. Nisso, me toquei
do seguinte: é possível, é bem provável, que eu esteja sendo considerada uma chata. É possível que nesta minha tentativa de criar novos
laços, de fazer novas parcerias, eu esteja recebendo a etiqueta de pessoa incômoda -- ou eu esteja vestindo esta roupa, depende do ponto de
vista.</span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">(Apenas explicando: não chego a grudar, apenas tento uma vez. Se der,
deu. Não insisto, pois não gosto que insistam comigo. Mas ao menos uma
vezinha eu vou lá e tento.)</span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">E, ao pensar sobre estas minhas tentativas, entendi o seguinte: não importa se vão achar que estou dando em
cima. Não importa se vão achar que estou pegando no pé, que estou
sendo uma <i>loser</i> que não se toca. Se estou sendo a pessoa mais aporrinhante da paróquia. Por que não importa? Porque, foi
mal, gente: tenho que me movimentar e buscar parceiros, a vida é
curta, o tempo voa, quero fazer muito, e para isso não dá para
ficar me privando de experiências possivelmente bacanas em nome do
meu orgulho. P</span></span></span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-indent: 58.9606px;">ode até doer caso eu saiba que alguém está me achando inconveniente, mas é dor que dá e passa. Já os resultados bons</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-indent: 58.9606px;"> ficam na memória por muito tempo, mudam a vida para melhor.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">Correr
atrás de coisas boas, de pessoas que gosto e admiro e com quem quero
ter contato implica ser ignorada. Implica ouvir algo diferente do que
esperava. Implica não conseguir, ficar triste e frustrada momentaneamente. Mas esta
mesma atitude me proporcionará momentos lindos e amizades, músicas
novas, encontros inesquecíveis. E muitas vezes correr atrás
das pessoas que gosto e admiro significa conseguir o contrário de
tudo isso aí que enumerei. O resultado pode ser exatamente o que eu
queria, ou algo ainda melhor, que eu nem sabia que poderia acontecer. </span></span></span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 1.56cm;">Não
me guiar pelo ego (pois, segundo este danadinho, nunca se deve ficar
na posição frágil, ou seja, naquela de "pedinte", de
correr atrás de alguém, de sair do pedestal para olhar no olho)
fará com que eu consiga muito. Mas é preciso estar preparada para
sofrer. É preciso entender que não é só por ter certeza de que este
é o certo a se fazer que, plim! Em um passe de mágica tudo irá se
resolver. Não, as
pedras no caminho continuarão, e por isso é muito importante estar
bem consigo para não desanimar nem se achar um zé mané durante o
processo -- processo, aliás, que dura para sempre, pois sempre vou querer novas parcerias. Então é preciso ser forte.</span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.56cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 1.56cm;">A poeta Mary Oliver fez a provocação "<i>Tell me, what is it
you plan to do with your one wild and precious life?</i>". Me pus a pensar, e vi que não pretendo sair frustrada, muito menos ficar viciada em minhas frustrações, remoendo-as com um prazer masoquista. Quero realizar a maioria de meus sonhos (leia-se "planos",
se preferir), mesmo que o medo de ser feliz ainda exista. Eu quero
que ele vá embora e libere o espaço para as boas oportunidades que
surgem volta e meia. </span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">É
preciosa demais a vida, e acho que esqueço disso muito
frequentemente. Se não me esquecesse, não me importaria tanto com
as pedras no caminho, com as respostas ásperas (que podem,
simplesmente, não significar nada além de uma pressa, indisposição
ou qualquer outra coisa sem nenhuma relação com a minha pessoa).
Não me importaria nem um pouco com as respostas que nunca recebi.
Com as desconfianças que posso ter despertado. </span></span></span></div>
<div class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 1; text-indent: 1.56cm;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: "georgia" , serif;"><span style="font-size: 12pt;">Ser
vista como inconveniente e seus derivados é um
preço muito pequeno a se pagar para colocar em prática aquilo que quero e preciso realizar.</span></span></span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-2126608212407494712016-01-22T10:14:00.003-08:002016-10-06T06:59:48.098-07:00Legitimidade<div lang="zxx" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.51cm;">
<span style="font-family: georgia, serif; text-indent: 1.51cm;">Há tempos escrevi um texto sobre a minha necessidade de trabalhar como tradutora, revisora e digitadora, paralelamente à minha vida de cantora. No texto eu valorizava esta situação, pois de fato é bom evitar colocar qualquer tipo de pressão na profissão de musicista; é muito bom poder dizer “não” a propostas ruins de trabalho; é muito bom não cantar em casas de shows desonestas, coisa que muitos precisam fazer, pois a única fonte de renda destas pessoas é aquela, a música. No texto falei sobre o lado bom de ter um trabalho paralelo, mesmo que administrar duas funções (ou mais) às vezes seja cansativo, e mesmo que, é claro, eu deseje viver de minha arte.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Avaliei, também, que eu havia mudado e entendido, com o tempo, que não ser cantora exclusivamente não era algo ruim, e talvez nem mesmo me prejudicasse tanto. Na verdade talvez até me ajudasse artisticamente, pois, tendo outra renda, eu poderia fazer na música somente aquilo que eu quisesse. E tempos depois de escrever aquele texto entendi ainda um pouco mais a questão, e hoje penso que a dedicação a atividades distintas não diminui uma pessoa, mas a fortalece, a torna polivalente.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Relembrei deste assunto porque há tempos venho elucubrando sobre algo que, desconfio eu, está implícito naquele texto: a busca pela legitimidade.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">A escritora Gretchen Rubin foi a responsável por me abrir os olhos em relação a esta inútil procura. Li seu livro <i>Projeto felicidade </i>ano passado, e uma passagem me chamou bastante a atenção. Gretchen diz: “Eu tenho a preocupação de me sentir legítima.” Neste trecho, um diálogo com sua irmã, a autora fala sobre sua dificuldade de se definir como escritora, pois isso não fazia com que ela se sentisse legítima (leia-se: legitimada pela sociedade – esta foi minha leitura, ao menos). Me identifiquei com esta fala.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Minha busca por legitimidade é um pouco diferente da busca de Gretchen, mas a ânsia é igual. Minha necessidade de me sentir legítima está relacionada à minha graduação – que não é em Música, nem em Artes Cênicas, nem mesmo em Letras, mas em Comunicação; – está relacionada a todos os empregos ruins que tive, trabalhando com coisas que, nem por um segundo, me interessavam (vendas, atendimento ao público). E, por fim, esta ânsia por legitimidade se faz presente quando me sinto diminuída por não ter, hoje, um emprego fixo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Entendi que, talvez, ao escrever aquele texto eu tenha querido dizer, inconscientemente: não sou apenas cantora. Sei fazer e faço outras coisas.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Acho que eu nunca havia utilizado esta palavra para me avaliar: legitimidade. Gostei de descobrir “o nome da doença” (ha!), porque isso me ajudou a avaliar melhor esta necessidade que criei. Mas ainda resta a dúvida: onde será que surgiu esta vontade de provar algo a alguém? Onde foi que comecei a achar que o que eu fazia não podia ser levado a sério (não podendo ser um caminho a seguir)?</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Engraçado lembrar que minha infância foi toda coroada por músicas (principalmente aos 10 anos e com toda força a partir daí), ouvindo-as e cantando-as sem parar, sem a menor dúvida de que aquilo era o que eu mais gostava, que aquele era o meu universo favorito... E por que aquilo não seria uma opção de profissão?</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Não sei dizer direito porque (desconfio que tenha algo a ver com a forma como o rock, minha escola, é marginalizado e tratado como sub-música. Mas há vários outros pequenos fatores, que tenho que avaliar mais), mas hoje minha busca por legitimidade quase que não exclui as artes, mas exige que estas sejam coroadas por graduações, especializações. Exige que estas sejam legitimadas por editais, patrocínios, peças profissionais, shows no Sesc. Fora disso, não há legitimidade, diz meu íntimo.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Este pensamento totalmente “tiro no pé” é, além de um equívoco e uma ingratidão imensa com tudo o que já alcancei, uma forma eficaz de se manter no mesmo lugar. A tristeza imobiliza (ao menos no meu caso). Apenas quando acredito que tenho toda a capacidade de alcançar coisas boas, me levanto e vou atrás do que quero.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Posso ser compreensiva em relação a mim e entender que, por já ter colocado muita expectativa em minha carreira musical – mais especificamente, quando eu tinha minha banda de rock, Pic-Nic –, com o tempo acabei me tornando mais madura e menos sonhadora. E isso fez com que eu quisesse, depois, com meu trabalho solo, não uma fama estrondosa, mas uma carreira longa e prolífica. Apenas isso. Tudo isso! E digo: é muito bom não colocar expectativas, não sofrer à espera de uma pessoa, um olheiro, um empresário, que o tiraria do limbo e o colocaria em outro lugar bem mais justo, com reconhecimento e grana. É muito bom ter expectativas muito mais relacionadas a desafios pessoais do que a fatores que não posso controlar (como o reconhecimento de terceiros). É incrível saber que continuarei cantando por muito tempo, visto que preciso fazê-lo, independentemente do fato de vender muitos CDs ou não, de me tornar conhecida como cantora ou não. O que não é saudável é esta visão leve sobre o meu trabalho ser, no íntimo, um desmerecimento deste. Não dar valor à minha atividade mais especial. Continuar cedendo à pressão da sociedade, continuar achando que o que faço é um pouco risível, e ao preencher qualquer ficha que pergunte minha profissão, escrever “jornalista” – ironicamente, uma profissão que jamais exerci. E o canto, que me acompanha desde os 16, que fique escondido.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Profissionais da música sofrem bastante esta deslegitimação. Diálogo comum: “Você trabalha em quê?”, “Sou músico”, “Só músico, mesmo?”. Há, como disse certa vez um amigo instrumentista, a impressão de que aquilo que os músicos fazem no palco é uma “brincadeirinha”, que não exige nenhum tipo de preparação prévia. A música seria, na visão de muitos, um hobby, uma diversão; uma atividade que talvez nem deva ser paga, visto que muitas vezes tem este caráter de entretenimento para o público e que parece não ter exigido nenhum esforço de nenhum dos envolvidos. A música está intimamente ligada ao sorriso, às emoções, à mudança de estado de espírito, e isso, que estranho, para muitos não merece grande mérito.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Eu ia terminar dizendo que é relativamente fácil deixar para lá a opinião dos outros, a falta de crédito/respeito de terceiros em relação à profissão de musicista, e que bem mais difícil é lidar com o próprio preconceito com aquilo que se faz. Mas acho que nenhuma destas duas coisas é fácil. Afinal, se para mim, hoje, ainda existe uma busca de legitimação dentro daquilo que faço – como se o meu canto, por si só, não merecesse toda a minha legitimidade, a minha aprovação –, muito provavelmente isso aconteceu porque em algum momento entendi que o que eu fazia e amava não tinha plena aprovação da sociedade.</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;">Espero que depois de escrever este texto, depois de organizar um pouquinho os pensamentos e depois de ter que esmiuçar mais meus preconceitos, eu passe a me respeitar mais como artista e como pessoa, e que esta busca inútil por legitimidade, esta ânsia que nunca será saciada, se torne cada vez menos importante.</span><br />
<div>
<br /></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-80311483004673410702016-01-02T18:49:00.002-08:002016-01-03T17:20:43.615-08:00Ser e deixar de ser; se inspirar e se jogar<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="font-family: Times New Roman, serif;"><span style="font-size: small;"><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Vez
ou outra digo a alguém: sou careta. Não é exatamente um motivo de
orgulho, mas também não penso ser isso uma vergonha. Então afirmo
numa boa, e costumo dizer, em seguida, que ao mesmo tempo tento me
expandir cada vez mais, ser menos quadrada. Estou mudando, aos
poucos. Além disso, adoro constatar coisas sobre mim, e descobri há
não muito tempo que falar sobre meus pontos fracos me deixa mais
forte. </span></span></span></span></span></span>
</div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-indent: 1.49cm;">Bom,
e por que me considero careta? Porque ainda me sinto muito presa
artisticamente. Ainda não consigo colocar para fora nem um décimo
do que gostaria. Ainda não me expresso da forma como desejo. Há
ainda muita palavra presa na garganta, há ainda muito o que
arriscar. Há ainda receio de possíveis julgamentos. Há ainda
dentro de mim muita besteira me impedindo de seguir, livre, o meu
caminho. Mas sei que tudo tem seu tempo, e sei que este período vai
passar, dando lugar a outro. Me vejo evoluindo, aos pouquinhos, e
sempre razoavelmente consciente dos meus atos e das minhas amarras.</span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E
entendo, também, que sou muito mais careta em minhas ações
artísticas do que em minha filosofia de vida. Na verdade, em meu
cotidiano não me considero careta. Posso dizer que tenho uma boa
compreensão sobre a diversidade da vida e não me choco muito
facilmente com as diferenças. Na verdade, amo os contrastes. Hoje em
dia sou assim. Depois de muito tempo convivendo com pessoas-chave,
fui examinando meus preconceitos, e eles não passam mais impunes por
minha mente. Os detecto rapidamente, quase sempre entendo porque
estão ali e então tento transformá-los. Até os preconceitos que
não são tão condenados, de forma geral, como o preconceito contra
intelectuais (isso aí era </span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">recalque</span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">,
e já mencionei isso em um <a href="http://www.guidivieira.blogspot.com.br/2015/09/com-pe-e-com-cabeca.html" target="_blank">texto</a>) ou pessoas ricas (talvez seja
recalque também), eu consegui quase que eliminar, mesmo que
tardiamente. Também são preconceitos e também faziam com que eu me
afastasse de várias pessoas; faziam com que eu fosse injusta.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Digo
isso para ilustrar melhor o seguinte: é a ousadia de </span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>fazer</i></span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">
que está me faltando. Porque a timidez está sendo mais forte do que
a vontade de realizar minha arte da forma que quero e necessito.
Estou deixando a inibição falar mais alto, e isso é algo sério
(principalmente para um artista) e precisa ser resolvido. Mas,
felizmente, minha cabeça está bem aberta. Gosto das
transformações pelas quais o mundo tem passado. E creio que agora
seja a hora de aceitar que posso, como o mundo, mudar e me
transformar também.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">O
curioso é que </span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>exatamente</i></span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">
por ser eu ainda muito inibida, tenho ídolos que são os maiores
adeptos da “sejogância máxima” [</span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>copyright</i></span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Suely Mesquita] deste mundo. Amo David Byrne e Fred Schneider, por exemplo. Estes
dois representam a ousadia, a facilidade de sair do lugar comum, a
liberdade extrema ao compor, ao interpretar, que eu tanto almejo.
André Abujamra é outro que em todos os seus trabalhos me surpreende.
Também admiro demais Amanda Palmer, seu discurso, suas letras, sua
atitude combativa. E por alguma razão louca sempre pensei que não
poderia me inspirar minimamente em figuras como estas.
Pensava haver um lugarzinho certo, ali, onde eu me encaixava, bem
distante daqueles que admiro. Não poderia nem me aproximar destes
artistas, quanto mais usá-los como referência. Mas há alguns meses percebi que eu posso,
sim pegar o que acho que há de mais bonito naquele artista incrível.
Posso pegar um tiquinho da forma escrachada de escrever daquele
ali. Posso pegar a cara de pau daquele outro. Posso pegar a
delicadeza do fulano e misturar com a força do sicrano. Adquiri esta consciência. Falta vencer a dificuldade de colocar isso em
prática.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Acho que finalmente entendi que não tenho o que temer. Porque o resultado do
que eu fizer inspirada em meus ídolos não ficará igual a nenhum
deles. U</span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ma
vez que o ingrediente “eu” for acrescentado, a receita, quando
pronta, não terá o mesmo gosto de nenhum deles. Será uma mistura
de vários elementos aliada à minha voz, à minha interpretação,
unidas em uma composição feita por mim (ou não).</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Acho
que sempre tive medo das influências, sempre tive receio de copiar,
sempre tive receio de ter referências demais e até acabar </span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><a href="http://www.guidivieira.blogspot.com.br/2014/09/plagio_10.html" target="_blank">plagiando</a></span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">
sem querer. Esta quantidade grande de medo infelizmente não me tem
sido muito útil, em vários aspectos.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-indent: 1.49cm;">Percebi
que me via como se eu não pudesse escolher como quero me expressar.
Como se houvesse algo místico me guiando, independentemente de minha
vontade. Exemplo: se tenho tendência a ser melosa, ferrou, não
conseguirei escapar disso. Que cilada! Não penso mais assim. Se não gosto do meu lado
melosa, eu posso e devo mudar. E se gosto, devo assumi-lo. Mas se for apenas um resquício de algo que já fui e não sou mais, não faz
sentido ficar sofrendo, me expressando através de uma linguagem que
absolutamente não me traduz.</span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; text-indent: 1.49cm;">(Aliás,
há tempos Suely Mesquita – de novo ela – replicou um texto muito
bacana, de David Cain, chamado “A pessoa que você costumava ser
ainda dita o que você faz”. O texto, curiosamente, começa
abordando a questão do gosto musical para exemplificar os lugares
nos quais nos colocamos, estanques, sem perceber que podemos transitar por onde quisermos; basta para isso que nos questionemos.)</span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Outra possibilidade interessante – para mim e para quem mais se sentir desta
forma, preso a uma fórmula, a um jeito de ser, a uma sina inventada
– é avaliarmos se, d</span></span></span></span><span style="color: black; font-family: 'Times New Roman', serif; text-indent: 1.49cm;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e
fato, somos sempre de um só jeito. Eu, ao menos, tenho certeza que
em algumas situações sou a mais solta, a mais ousada. Em outras sou
a mais quietinha. Em alguns dias sou a que mais dança na festa.
Outros dias, a que passa a festa toda conversando. Não existem
lugares fixos. Acho que só existem se quisermos. E eu não quero.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="margin-bottom: 0cm; orphans: 0; text-indent: 1.49cm; widows: 0;">
<br /></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-1599343169478041642015-12-22T18:08:00.001-08:002015-12-23T07:12:37.854-08:00Pensar 2015 para se reinventar em 2016<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Recordar é reviver. O que fiz em 2015?</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Janeiro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- No dia 2 foi ao ar minha entrevista para Tiago Alves, do
Armazém Cultural, programa da MEC AM.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Gravei um vídeo cantando “Jogo da vida”, canção de Dudu
Godoi, com o próprio, no quintal aqui de casa. Comecei bem o ano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Silvan Galvão no IFCS, belíssimo
show.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Silvan Galvão na Rua do Mercado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Fevereiro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Me apresentei com o Coletivo Cavalo Preto no Eco Som.
Cantei “Cabotino coco” e contei com Claudia Montelage, Juliana Peres e Monalise
Monteiro na percussão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Março:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Silvan Galvão no Leviano, na Lapa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Saiu uma bela entrevista minha no jornal <i>A Nova Democracia</i>. Grata, Rosa Minine!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Último show do CD <i>Temperos
</i>no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola. Lindo lugar! Cantei
“Manera fru fru”, do Fagner. Amei! E este show teve direção cênica do incrível
Victor Seixas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Abril:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei no Espaço Aqua no show do Cavalo Preto. Contei com
o querido Xandão Fernandes no violão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Silvan Galvão no Bola Preta. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Eu e Claudia Holanda montamos o show <i>Tudo quer viver</i>, e o estreamos no Godofredo. Cantamos várias
músicas da Claudia e outras várias de Cátia de França. Contamos com André
Barros no violão e Ana Sucha na percussão.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Maio:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei com Claudia Holanda na apresentação do Cavalo Preto
no Espaço Aqua.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do programa <i>Show
de bola</i>, na Rádio Tupi, ao lado de Xandão Fernandes, Carol Faria e Silvia
Tardin. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Silvan Galvão no La Carmelita, na
Lapa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Junho:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Dandara Ruffier e Evan Megaro no Beco
das Garrafas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Eu e Silvan Galvão montamos o show <i>Paneiro paraense</i>, que estreou dia 28 deste mês no terraço do
Parque das Ruínas. Foi um lindo fim de tarde, com convidados especiais (Laura
Canabrava e Marcelo Ceará) e uma lua estonteante para encerrar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Julho:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Me apresentei com Claudia Holanda no show <i>Tudo quer viver</i>, desta vez no projeto
Quartanauta, de Leo Rivera. Teatro Popular Oscar Niemeyer, Niterói. Teve
participação do Rio Pandeiro para fechar o show, foi demais. E saíram duas
matérias sobre o show, no <i>O Fluminense</i> e no <i>A Tribuna</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de Dudu Godoi no Costa Brava (evento
Sexta Cultural).<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Matéria no jornal <i>O Dia</i> sobre artistas paraenses no Rio (Silvan Galvão) e artistas cariocas (eu, Cissa de Luna) disseminando a música do Norte por estas bandas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Agosto:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Gravei um vídeo da canção “Pendure
as armas”, </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 16.6667px; line-height: 19.1667px;">com Dudu Godoi e Cacá Guifer</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">.</span><br />
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show do Forró de Rabeca, na Rua do Ouvidor.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do Sarau do Cahon, em Itacoatiara.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do show de André Gardel, no Semente.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Matéria no jornal <i>Diário do Pará</i>, onde artistas do Rio de Janeiro (eu, Cissa de Luna, Noites do Norte) falaram sobre a influência da música amazônica em seus trabalhos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Setembro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Gravei o vídeo de “Beije” com o amigo Thiago K, no Parque
Trianon. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei com o Terno de Grupo, em Jundiaí, em dois shows no
mesmo dia. Recomecei minha parceria com Sandro aí.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Outubro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">-</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"> Eu e Silvan novamente fizemos acontecer o </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Paneiro paraense </i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">no Parque das Ruínas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Gravei em vídeo três canções em voz e violão com Sandro
Dornelles, “Volta e meia”, “Lumiáfora” e “Do encontro à despedida”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei com o Terno de Grupo em Várzea Paulista.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Gravei vocais no CD de Alvinho Lancellotti, ao lado de Laura Lagub e Maíra Garrido.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- O projeto que eu fiz (orgulho!) passou no edital do Centro
Cultural Justiça Federal. Ou seja: em 2016 haverá duas edições do show <i>Paneiro amazônico </i>no CCJF. Sim, o nome
mudou, mas ainda é o meu projeto com Silvan Galvão, de carimbó, guitarrada,
lundu e toada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei no Festival da Canção Francesa, promovido pela
Aliança Francesa. Cantei “Battez-vous”, do grupo Brigitte, e fiquei em segundo
lugar na semifinal. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Resenha positiva do CD no site Ziriguidum.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei no Festival de MPB de Ilha Solteira ao lado de
Sandro Dornelles. Não ganhamos prêmios. Descobri um festival incrível, cheio de
talentos. Eu e Sandro gravamos um vídeo da canção “Samba do pé”, em uma das
ruas de Ilha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Novembro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Participei do Fejacan (Festival Jacarezinhense da Canção)
novamente, desta vez ao lado de Sandro Dornelles, e em duas canções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei novamente com o Terno de Grupo no Sakura (Várzea
Paulista).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Dezembro:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Cantei com o Terno de Grupo de novo, em Jundiaí, para
fechar o ano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">- Fiz um show aqui em casa com o violonista André Barros. Foi
show + lançamento de dois livros do Alex Frechette. Eu já queria fazer isso há
tempos, e a experiência foi muito boa. Três amigos ajudaram a filmar a primeira
canção do show e fizemos um vídeo bacana, que foi editado prontamente e disponibilizado
no dia seguinte. Fechou o ano!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">-------------------------------------------------------------------------------------<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">O que não fiz? Bem, não consegui lançar o livro deste blog, que era um
plano para o final de 2015. O livro sairá apenas depois do carnaval do ano que vem. Mas fiquei feliz por revisar, fazer a seleção dos textos e entender que, de fato, este vai sair! E será o primeiro de muitos.<o:p></o:p></span><br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">O que entendi? Que com
parcerias a vida fica quinhentas vezes mais fácil. No que diz respeito ao meu
trabalho musical, creio que esta tenha sido a lição mais valiosa: as parcerias
fazem com que as coisas não sejam sacrificantes, penosas. Podemos fazer esforço,
trabalhar, suar, sem sofrer. Podemos realizar muitas coisas sem ir à falência,
sem ficarmos com vontade de desistir de tudo depois de tanto se esfalfar. É
claro que ainda tenho algumas resistências e muitos vícios, ainda sigo muitos
padrões que dificultam minha vida, mas não posso negar que já consegui realizar
várias ações de forma muito mais leve.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Para 2016 espero poder me dedicar ainda mais ao que faço, e
sem me preocupar muito em me divulgar, em fazer a produção executiva. É claro
que precisamos ser multifuncionais por uma questão de sobrevivência, mas que
isso nunca sufoque a parte artística. É preciso cuidado e equilíbrio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">E que em 2016 eu consiga ser ainda mais proativa, cara de
pau e corajosa. Como disse Elizabeth Gilbert, que eu consiga amar muito mais a
prática de meu ofício do que temer o fracasso, a rejeição ou qualquer outra
besteira relacionada a ego. Que eu coloque em primeiro lugar minha realização
pessoal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Bom ano novo para todos nós.</span>Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-31738321680350882172015-11-12T19:51:00.001-08:002015-11-13T04:01:46.683-08:00Sobre a colaboração espontânea<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/-6zJiNCNuZI/0.jpg" frameborder="0" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/-6zJiNCNuZI?feature=player_embedded" width="320"></iframe></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 42.55pt 153.75pt; text-indent: 42.55pt;">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Outro dia
fui fazer uma participação no show do Forró de Rabeca, lá na rua do Ouvidor, e
algo interessante aconteceu. Antes do show começar, fiquei bastante tempo
conversando com a Ciça, que faz o trabalho essencial de passar o chapéu pelo
público – o show é aberto, então a grana do público tem que ser arrecadada
assim – e ela me explicou que, com toda a paciência, tinha que ficar explicando
vez ou outra para os frequentadores: “pessoal, é melhor colaborar com R$ 3,00
do que ter que ir para um espaço fechado e ter que pagar R$ 10,00 ou 15,00 para
entrar, vamos colaborar para que o show possa continuar acontecendo na rua?” A
coisa tinha que ser quase que didática para que funcionasse minimamente bem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Pouco antes
de eu entrar no palco Ciça já estava na função, e eu quis colaborar
humildemente. Só tinha uma nota de R$ 10,00 e voltaria de ônibus, então queria
doar R$ 6,00 e pegar R$ 4,00 do chapéu, de troco. Alcancei Ciça, que neste
momento tentava<span class="apple-converted-space"> </span><i>convencer<span class="apple-converted-space"> </span></i>um rapaz com uma lata de cerveja
na mão a colaborar com o forró. Vi rapidamente que o guri risonho se esquivava,
fazendo gracejos, e quando expliquei a ela (e não a ele) que eu pegaria o troco
- Ciça até disse, gentilmente: “não precisa, você vai cantar!” –, o mesmo rapaz
que<span class="apple-converted-space"> </span><i>não<span class="apple-converted-space"> </span></i>estava colaborando ocupou-se
rapidamente de mim e disse: “Olha, hein, Deus está vendo! Pegando o troco...”.
Apertei uma de suas mãos e, olhando em seus olhos, perguntei: “Você já
colaborou?” A resposta: “Se eu colaborei? Não...”<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Descrevo
este acontecido porque me chamou muito a atenção o fato do rapaz achar ser um<span class="apple-converted-space"> </span>tabu<span class="apple-converted-space"> </span>o<span class="apple-converted-space"><i> </i></span>ato de colaborar pegando o
troco. Acho que talvez para ele, na verdade,<span class="apple-converted-space"> </span><i>colaborar
espontaneamente</i>, em si, já<span class="apple-converted-space"> </span>seja algo bem
novo e estranho.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Isso me fez
pensar muito. Talvez estejamos lidando com a colaboração
espontânea de uma forma ainda um pouco envergonhada-desengonçada. A amiga Maga Schüle já
havia comentado isso comigo. Perguntei a ela certa vez sobre alguns aspectos de
se trabalhar nos metrôs cariocas: qual era o valor mais doado, que tipo de
coisas bonitas/grosserias ela e seu parceiro já tinham ouvido, e se os doadores
tinham o hábito de colaborar pegando troco. Maga respondeu a esta última
dizendo que apenas uma vez isso havia acontecido por aqui. Com esta informação
ficou mais uma vez confirmada, para mim, a timidez/falta de hábito/falta de
jeito do brasileiro ao colaborar com a arte que se faz na rua/no metrô; a falta
de jeito com a colaboração espontânea.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Fiz uma
campanha de <i>crowdfunding</i> em 2012 e foi muito bacana. Ainda não havia tantas
pessoas se utilizando desta ferramenta quanto hoje, mas consegui arrecadar o
valor que havia estipulado. E neste processo notei que vários amigos souberam,
deram a maior força, compartilharam, mas, por ainda<span class="apple-converted-space"> </span><i>não entenderem</i><span class="apple-converted-space"> </span>muito bem aquela filosofia, aquela
ideia de colaborar com o valor que pudessem, acabaram não colaborando.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Para muitas
pessoas, ainda hoje, em 2015, a ideia do financiamento coletivo ainda é um
pouco estranha. Colocar R$ 2,00 no chapéu ainda incomoda. A ideia de
colaborar na Vakinha ainda não desce muito bem.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">É doido, mas
parece que preferimos um preço institucionalizado. Preferimos o preço
protocolar, preferimos a obrigatoriedade. Por quê? É muito mais interessante,
para mim, poder escolher um preço que caiba no meu orçamento e na minha
realidade. Gosto muito de colaborar com projetos que ainda vão acontecer; gosto
muito de poder ajudar para que um show que acontece em um espaço aberto
continue acontecendo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt;">Seria interessante considerarmos o fato de que é muito mais jogo nos ajudarmos, colaborarmos, do que ficarmos todos
insatisfeitos com as poucas opções, ou com as opções caras. Estamos em uma época de
grande efervescência cultural, e talvez isso se deva a esta atitude de “colocar
o bloco na rua”, em vários sentidos, seja na praça, seja colocando um projeto
na roda; e talvez a culpa disso seja essa busca pela ajuda dos amigos e
admiradores. Se já está dando certo, mesmo que ainda com bem menos adesão do
que poderia ter, imagine o que acontecerá quando a colaboração espontânea se
tornar ainda mais... espontânea?</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 13pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-25490870449978785072015-11-08T15:09:00.000-08:002016-10-06T07:01:43.383-07:00O fio<div class="MsoNormal">
<span class="Apple-tab-span" style="font-family: georgia, serif; font-size: 16.6667px; white-space: pre;"> </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 16.6667px;">Em 2008 estagiava em uma editora. Eu já cantava na noite, mas não falava muito sobre isso. Em um barzinho, pós-trabalho, estávamos conversando sobre o lançamento de um dos livros da editora, que aconteceria na livraria Argumento, no dia 16 de abril. Meu produtor/parceiro/sócio, Marcelo, estava divulgando bastante o show que eu faria em breve, no Severyna, e de tanto falar sobre o assunto o pessoal do trabalho teve a ideia de me chamar para cantar no dia do lançamento. Cantei três ou quatro canções no tal lançamento. Daí;</span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Meu primo Pierre Aderne estava lá no dia, me viu cantando e me chamou pouco depois para cantar em uma das faixas de seu projeto, Doces Cariocas. Fiquei felicíssima, e também cantei no lançamento do CD dos Doces, na Modern Sound. Mas um pouco antes disso Pierre me convidou para participar de um sarau na casa de um amigo dele, Gustavo. Fui à reuniãozinha com Marcelo e lá conheci Adriano Siri e Daniel Medeiros (primo do Gustavo), do Fino Coletivo. Batemos papo, voltamos todos de van juntos. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Chamei Siri para participar de um show meu no Bar do Bonde, em Santa Teresa. Cantei duas músicas do Fino Coletivo com ele ao violão. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Tempos depois Siri me chamou para participar de um projeto de canções infantis, o Ginjom, ao lado de Daniel Medeiros, Amin Nunes, Luis Militão e Rita Albano. Ensaiamos bastante na casa de Amin. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Amin me chamou para cantar a faixa “Poeira de estrela” em seu CD de estreia. A gravação aconteceu no estúdio do Daniel. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Gravei uma faixa avulsa no estúdio de Daniel. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Daniel me chamou para gravar uns dois jingles que pintaram para ele. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Alvinho Lancellotti precisou de vozes femininas para seu primeiro CD, O tempo faz a gente ter esses encantos, e Daniel falou sobre mim. Alvinho foi me procurar em um show na praça São Salvador. Laura Lagub, minha amiga, por acaso estava lá, e então a indiquei também, visto que Alvinho queria duas vozes. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Em novembro de 2011 fui gravar com Laura no estúdio do Daniel as tais vozes para o CD do Alvinho. O trabalho estava sendo feito em grande parte do estúdio do Daniel, e ele era um dos produtores do trabalho. Neste mesmo dia tive a certeza de que queria fazer meu CD com o Daniel, no estúdio dele. Disse isso a ele e marcamos uma conversa. Conversamos e iniciamos nossa pré-produção. Daí;</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Dois anos e meio depois nasceu o meu feito mais importante até hoje, meu primeiro CD.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Uma coisa foi levando à outra. Graças àquela proatividade e desinibição de Marcelo (de falar sobre o meu trabalho sempre que possível), tanta coisa bonita rolou. E graças a tantas outras pessoas que toparam parcerias comigo, graças a estas amizades, tanta coisa importante para meu crescimento profissional foi acontecendo. Muitas outras coisas se sucederam neste meio tempo, coisas estas que, sem dúvidas, fazem parte deste fio de coisas boas: cantei no show de André Gardel (para o qual Laura me indicou); cantei no primeiro CD de Adriano Siri, <i>Olha que lindo</i>; cantei há poucos dias no segundo CD de Alvinho, ao lado de Laura e Maíra Garrido; cantei em dois lindos shows de Alvinho como backing vocal; toquei durante dois anos com Luis Militão na Lapa, em um projeto que acontecia uma vez por mês – e por causa disso vez ou outra a banda deste projeto (Militão, Igor Visconti, Rodrigo Sebastian, Paulo Renato e Wilson Meirelles) se reúne para fazer apresentações fechadas super bacanas; comecei uma amizade com um dos compositores presentes no CD, Arildo de Souza, bem como com suas filhas; Laura foi minha preparadora vocal nas gravações de meu CD; retomei o contato frequente com o amigo e compositor Sandro Dornelles após o próprio comparecer ao meu show de lançamento, e em decorrência disso iniciamos um projeto este ano.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Isso tudo só prova que nada acontece do nada,<i> out of the blue</i>. Pelo menos para mim tudo sempre fez bastante sentido: tudo o que plantei, colhi. Todas as minhas ações levaram a reações. É claro que acredito em mágicas, mas penso que estas acontecem justamente quando estou me dedicando e fazendo a minha parte. Não creio que coisas lindas e surpreendentes acontecerão enquanto eu estiver em casa, desanimada e cheia de autopiedade; acho que tudo de melhor acontecerá nos momentos em que eu for mais ativa. E se em um momento foi preciso que o Marcelo desse um empurrãozinho (que de “inho” não teve nada), também foi preciso que eu levasse esta ideia adiante, que acreditasse nela. Foi preciso que eu me deixasse empolgar pela vida de cantora.</span></span><br />
<span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 16.6667px;"><span class="Apple-tab-span" style="white-space: pre;"> </span>Que bom que fiz isso, mesmo com todas as dúvidas, incertezas e inseguranças. Porque o fato é que comprei esta briga, e esta briga tão doce e generosa, que é o cantar, traz cor à minha vida e faz com que eu entenda que há muita razão para comemorar e agradecer.</span></span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-7126344801590370342015-10-07T07:59:00.003-07:002015-10-07T08:14:08.882-07:00O "não" convicto (e o preço idem)<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Adoro cantar em festas juninas.
É divertidíssimo e, para mim, razoavelmente fácil: forró é um dos estilos que
mais gosto de cantar, então me sinto em casa. Desde 2009 venho fazendo isso, e desde
então o meio do ano se tornou uma época cheia para mim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Porém, este ano de 2015 foi
diferente. Só cantei dois dias, em uma festa em um grande clube, com os amigos
do Severino & Sua Gente. Se eu for comparar com os anos
de 2011 e 2012, por exemplo, em que cheguei a cantar algumas vezes em duas
festas no mesmo dia, ficando ocupada em junho, julho e agosto, realmente é bem
pouco. Mas o curioso é: este ano fui
muito melhor remunerada por estes dois dias. O total não ficou muito abaixo do
que eu ganhava no período todo. Ficou abaixo, é claro, mas não foi uma
diferença gigantesca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Isso me levou a lembrar de uma
decisão que tomei em 2013: comecei a dizer “não” para alguns trabalhos que não
mais me agradavam. Uma grande casa na Lapa foi um destes lugares. Fiz três
vezes lá: na primeira, eles erraram a data (os músicos tiveram que voltar para
casa, era só no dia seguinte); na segunda vez eles marcaram duas bandas no
mesmo dia (de novo voltamos para casa sem tocar); na terceira vez eles pagaram
menos do que o combinado (sem comentários). Em todos os dias, algo
desagradabilíssimo aconteceu. Então é claro que da terceira vez a gente aprende
e nunca mais volta. Lembro, perfeitamente bem, da sensação de “seca” subsequente
a esta minha decisão de não tocar neste e em outros eventos onde houvesse forte
risco de roubada. Ganhei menos, cantei bem menos. Mas, curiosamente, cantei em alguns
poucos eventos que me pagaram bem melhor. E tive bem mais tempo para escrever
(iniciei estes textos, que foram e são importantíssimos para mim) e me dedicar
ao longo processo de gravação do meu CD. Fiquei quieta, me observando, podendo
me analisar e podendo ver, agora de longe, o quão absurdas certas situações
eram, e o quanto eu me posicionava fortemente contra estas. Boicotei o que não
me agradava, não fui conivente com desrespeitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Acho que este momento difícil
que foi o de me acostumar a uma nova realidade – onde não mais “pingavam”
aqueles valores risíveis dos locais onde eu antes cantava, mas que certamente
ajudavam no orçamento, pagando uma conta de luz aqui, fazendo uma comprinha acolá – deu
frutos. Ficando mais seletiva e exigente com o que aceitava, fiquei também mais
seletiva e exigente comigo. Desta forma, sentia que era certo receber mais pelo
que fazia, visto que agora topava situações mais desafiadoras (por exemplo: cantar
Jacques Brel, Georges Brassens, Violeta Parra, Aznavour, compositores nunca
dantes navegados por mim). Agora que eu estava mais “chata” em relação a mim, sair
de casa tinha que ser por um bom motivo, e tinha que ser para estar em um local
onde eu seria respeitada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Esta mudança de pensamento e atitude
me levou a coisas muito boas. Gostaria de trabalhar ainda mais do que já
trabalho, é claro, mas não posso reclamar do que tenho e do que conquistei com
esta firmeza. Dizer não é importante demais na vida de qualquer um. Ainda tenho
muita dificuldade em dar uma negativa em várias situações do meu dia a dia, porém
já evoluí bastante nisso dentro do meu trabalho. E espero evoluir ainda mais,
pois o que ganhei com isso é visível, escancarado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Obviamente, esta atitude de
saber o valor do que faço (saber o trabalho que dá tirar uma canção
desconhecida ou cantar um repertório inteiro por encomenda; saber que é caro o
tempo dos ensaios e da produção para um evento) pode gerar um “fechar de portas”.
Cobro um valor que sei que é justo para fazer eventos fechados, mas nem todos
que pedem meu orçamento concordam com este. Creio que não entendam que não
trabalharei apenas por três horinhas, no dia do evento, mas por vários dias
antes do dia do evento em si: organizando, fechando detalhes, treinando as
canções, fazendo telefonemas, trocando e-mails. Poderei ser vista como gananciosa/careira – pois, além de tudo, a música parece ser algo inato, algo que não requer
ensaios, nem estudo –, coisa que tenho certeza que não sou, mas estou disposta
a pagar o preço (há!) de ser vista assim, pois minha consciência está bem
tranquila em relação a isso. Algumas pessoas nunca mais me procurarão, por me
acharem cara demais, e não há o que fazer sobre isso. Mas este “fechar de
portas” fecha apenas as portinhas, aquelas que não dão bom resultado, aquelas que
não nos levariam a um lugar interessante. Em troca, outras portas maiores se abrem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Mesmo que eu trabalhe muito
menos do que o faria caso dissesse sim a várias propostas, sinto que estou no
caminho certo e que mesmo que ainda pintem momentos de escassez de
grana, é fundamental não desanimar e entender que os processos importantes geralmente
são assim, difíceis, mas cheios de boas contrapartidas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Para finalizar, friso: não me negarei nunca a cantar por prazer, com amigos, despretensiosamente, pois estas situações são aquelas que ficam marcadas na memória e no coração. Música é trabalho para mim, mas é prazer e felicidade antes
de qualquer coisa. Se andei vivendo isso de forma distorcida (passando por
situações bem tristes e difíceis, algumas em pleno palco, contrariando todo o
sentido da coisa), hoje vejo que isso foi um erro grave e que poderia ter me
levado a parar de cantar, como quase aconteceu, exatamente por eu não ter
zelado por uma boa atmosfera dentro do que fazia. E por ver a música primordialmente
como prazer, hoje, também vejo que uma mudança aconteceu em 2015: aceito (e me
ofereço para) fazer participações em shows de vários amigos. Canto de graça várias por mês porque me sinto feliz
em ser cantora, porque amo cantar e esta é uma necessidade. </span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;"> A</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;">o mesmo tempo em que cobro mais para fazer o que faço,</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;"> me sinto muito mais disposta a cantar pelo puro amor à coisa. Ao mesmo tempo que vejo o meu ofício com muito mais firmeza, o vejo com muito mais leveza.</span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-9825626949257768542015-10-01T14:10:00.004-07:002015-10-01T14:29:34.005-07:00Vamos falar de fracasso<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Este texto é uma ode ao fracasso. E não porque eu o ame, mas
porque o temo. Assim sendo, desejo estabelecer uma relação mais íntima com ele,
uma vez que acredito que somente assim conseguirei ficar tranquila em sua
presença, ou com a possibilidade de seu aparecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Temer o fracasso é um grande empecilho artístico. Vejo que em mim
isso tem graves consequências, pois, se não temo fracassar da mesma forma que
um artista consagrado talvez tema, certamente tenho medo de fracassinhos. E este temor acaba tendo grande
influência sobre o meu trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Há tempos queria escrever sobre isso, mas foi apenas depois de ler
o “Ensaio sobre o fracasso”, de Fause Haten, que senti ser aquela a gota d’água.
Eu tinha que falar sobre o tema. Diz ele: “Só considerando o fracasso como um
fato é que fico livre como artista para experimentar, correr riscos e seguir
meus instintos”. Com esta frase me senti atingida e, ao mesmo tempo, feliz pela
percepção que me veio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Quem vive com medo de fracassar, de decepcionar<u> </u>os
outros, de ser uma vergonha para a família, acaba vivendo uma sensação de
fracasso perene. É como se houvesse sempre uma pessoa (você) te falando “não
faça isso, não vai dar certo”, sempre te incentivando a não ousar, a não
arriscar, a permanecer na mesma, ou até mesmo a desistir. Mas que bom é saber
que esta condição não é definitiva, e nem este pensamento. É bom saber que eu
posso, de agora em diante, me levantar e fracassar com propriedade, a propriedade
de quem acredita em si, e, exatamente por isso, talvez nem mesmo veja como
fracasso aquilo que é julgado como tal. E, assim como a atitude derrotista de
nem mesmo tentar para não fracassar não é definitiva, os fracassos também não
são definitivos. Depois deles, o que esperar? Mais fracassos? Pode até ser, mas
a persistência nos ensina que vitórias e derrotas costumam se intercalar. Bem
difícil que seja só fracasso, do início ao fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Elizabeth Gilbert, a escritora de <i>Comer, rezar, amar</i>, deu uma ótima palestra (TED Talks) sobre
fracasso, sucesso e devoção à sua paixão, que é escrever. Entre muitas coisas
interessantes, Elizabeth fala sobre o quanto se sentiu preocupada ao escrever o
livro sucessor de <i>Comer, rezar, amar</i>,
sabendo que dificilmente este teria o mesmo sucesso que o anterior. Mas com o
tempo foi entendendo algo muito importante: “Eu amava mais escrever do que
odiava ter fracassos ao escrever, e isso queria dizer que eu amava mais
escrever do que amava meu próprio ego, e isso por sua vez queria dizer que eu
amava mais escrever do que amava a mim mesma.” A escritora, que usa o conceito
de “lar” para definir esta paixão que toda pessoa tem, diz que “seu lar é:
aquela coisa para a qual você dedica suas energias com tanta devoção que os
resultados se tornam indiferentes”. Meu lar é cantar, e os resultados deste
canto, ótimos ou péssimos, nunca me impedirão de continuar cantando. Elizabeth
nunca irá parar de escrever. Nós duas nunca iremos deixar de voltar para nossos
lares.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Vejo que abordo muitos assuntos pouco confortáveis, como idade e
beleza do artista, decepções, críticas maldosas e agora o fracasso, mas isso é
proposital. Quero abordar os assuntos que nós, como profissionais da arte,
tentamos ao máximo evitar. Observo que temos o hábito de colocar nas redes
sociais apenas nossas vitórias, nossos sorrisos, nossos selfies lindos com
pessoas que amamos. Isso é valorizar os bons momentos, e é bacana. Mas o
fracasso também tem grande valor, e não deve ser deixado de lado, ou melhor,
não deve se varrido para debaixo do tapete. Não precisa ser divulgado aos
quatro ventos, mas precisa ser admitido internamente (eu, pessoalmente, me
sinto mais forte ao transformá-lo em texto). Se o fracasso nos leva a tantas
crises interessantes, a tantas descobertas, não é muito saudável fingir que
este nunca o visita. Primeiro que ninguém vai acreditar, e segundo que nem
mesmo você irá se convencer. Por isso, acho importante abordarmos os momentos
difíceis e as questões idem. Acredito que a vida deva ser celebrada com todas
as suas nuances, todas as suas dores e delícias, todas as verdades que, no
fundo, fazem muito mais bem do que imaginamos. Falar sobre fracasso é falar
sobre algo comum a todos.</span><span style="font-family: Georgia, serif; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
<div class="Standard" style="line-height: 14.25pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Recomendo fortemente a leitura do <a href="http://www.revistadacultura.com.br/sempre-aqui/moda/detalhe/14-11-06/Ensaio_sobre_o_fracasso.aspx" target="_blank">texto</a> de Fause Haten, mencionado
no início desta postagem, para que o mesmo seja desfrutado do início ao fim.
Eu, por tê-lo saboreado com tanto gosto, coloco mais um pouco do mesmo aqui,
para fechar com chave de ouro: “Considerar o fracasso, a derrota e a não conexão como algo certo. Dar o caso como
perdido e me sentir livre para fazer o que ‘preciso’ fazer, sem saber onde vai
dar. Me sentir livre por não precisar agradar, não precisar ser aceito."</span><span style="font-family: Georgia, serif; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-60702274737071996032015-09-20T16:06:00.002-07:002015-10-02T15:32:52.459-07:00No comments<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt;">É comum alguém que gosta da minha música vir
comentar, depois de ver um show meu ou ouvir o CD: “Você com este som
maravilhoso, e tanta coisa ruim fazendo sucesso...” A pessoa que divide isso
comigo, acredito, quer me mostrar que valoriza meu trabalho e que acha que mereço mais.
Isso é demonstração de carinho, mas há uma crítica a outros artistas que não me
toca, e sobre a qual eu nunca tenho nada a acrescentar. No máximo um “pois é”,
mais para mostrar que estou ouvindo a pessoa, não necessariamente concordando
com o que ela diz.<o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">Eu, que tenho a felicidade de trabalhar com
música, de ter que viver neste ambiente, sou testemunha de que há, sim,
trocentos artistas inacreditavelmente bons por aí. Muitos estão numa batalha
pesada, mas estão aí, fazendo. Não estão deixando de fazer porque está difícil
– estão fazendo menos do que gostariam, mas resistem – ou porque músicas </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">mucho locas</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;"> (não em um sentido exatamente
bom) estejam fazendo sucesso. Em suma: vejo crescer, sempre e cada vez mais,
uma cena ótima musical por estas bandas brasileiras.</span></div>
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">Acho que deve ser por isso. Eu </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">sei</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;"> que há muita música boa sendo produzida
por aí. Eu sei que a fertilidade do Brasil no quesito musicalidade é grande.
Tem para tudo quanto é gosto, tem letra assim, letra assado, tem alegria, tem
melancolia, tem tantas vozes, beleza para dar e vender. E os responsáveis por isso estão
aí, prontos para serem ouvidos. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">Deve ser
por isso que este papo de “coisa ruim fazendo sucesso” não me toca. Porque, na
verdade, estas “coisas ruins” são, para mim, muitas vezes, algo como... uma
imagem fantasiosa das coisas. Estes artistas têm
muito mais a ver com mercado, publicidade e imagem do que com música, mesmo. Quando
falamos de música (e música que acontece e resiste mesmo sem grana), há bandas
boas saindo pelo ladrão, artistas incríveis que não têm o espaço devido. Às
vezes vão cavando espaço e aos poucos vão chegando. Os shows lotados daqueles
que são considerados péssimos não são uma preocupação em minha vida. Acho que é
exatamente porque estes artistas, para mim, vivem em outro mundo, bem distante do mundo em que vivo. Nem nos cruzamos. Não vou a seus shows, não os vejo na TV (e por que eu
veria TV se nela, infelizmente, o maior espaço é do entretenimento – e da
informação – que não me interessa?). Estamos em universos muito distantes. Somando-se
a isso, ainda tem o fato de que muitos artistas incríveis são, sim, reconhecidos,
fazem grandes shows e conseguem viver muito bem de suas artes. Ou seja, as
coisas poderiam estar melhores, mas pode-se dizer que também não estão de todo
mal.</span></div>
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">Vários assuntos me movem e me interessam dentro
da música: a crítica, a relação entre músicos e cantores, a autoconfiança dos
cantores... Tópicos que, inclusive, parece que nunca se esgotam em mim. Volta
e meia preciso falar deles de novo. Mas em relação a este tema, não, não tenho muito o que dizer.</span></div>
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">Deve ser também porque a cada dia que passa
percebo que certos comentários me tocam cada vez menos. Outro dia alguém disse
que certo artista, ainda desconhecido do grande público, pretendia fazer um
disco só de blues. Mas, por este artista ter uma história dentro de outro
estilo musical, a pessoa que me deu esta notícia estava achando aquilo um
absurdo. “Ele não pode fazer isso, pois não se firmou ainda, enquanto não tiver
firmado não pode mudar assim...”. O que entendi foi o seguinte: este artista já
não tem reconhecimento do grande público, nem da crítica, muito menos tem grana.
A única coisa que ele tem é a liberdade. Ele deve abdicar disso, seu bem mais
precioso, para que finalmente, então, fique sem absolutamente nada? Não posso
concordar. Mas mesmo ouvindo isso não me choquei, nem fiquei exaltada. Porque não havia maledicência na fala daquela pessoa,
era apenas a opinião dela. Estava indignada de verdade, achando que aquilo não
seria bom para o artista. Ponto. Entrou por um ouvido, saiu pelo outro, e se
fosse em relação a mim, também. Pode falar que não devo <a href="http://www.guidivieira.blogspot.com.br/2014/12/entao-misture-tudo.html" target="_blank">misturar</a></span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;">, que não
posso fazer assim ou assado. Vou escrever um texto sobre, mas não vou ficar
chateada. Porque sei que no meu trabalho mando eu, e nele faço o que bem entender,
então não há a menor possibilidade de alguém me convencer a colocar em prática
uma ideia que tem muito mais a ver com marketing do que com música.</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 42.55pt;"> </span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-73666663543059072662015-09-18T22:34:00.001-07:002015-09-19T07:43:44.778-07:00Com pé e com cabeça<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 42.55pt;">
<div style="background: white; mso-line-height-alt: 11.9pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Há tempos estava vendo uns vídeos das canções do primeiro CD
de Alice Caymmi no YouTube. Quando fui ver-ouvir "Arco da Aliança",
parceria de Alice com Paulo César Pinheiro, li um dos comentários sobre a
música: "Letra sem pé nem cabeça. Se não tivesse o sobrenome Caymmi, tava
lascada". </span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span class="apple-converted-space"><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Curioso
</span></span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">é que enquanto eu via beleza na voz, na
letra e na atmosfera criada, para a pessoa que escreveu aquilo só havia ali
(que fosse digno de nota) uma letra "sem pé nem cabeça". Será
que de fato aquela canção, para ele, não disse absolutamente nada?</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">O que acho, mesmo, é que faltou vontade
de prestar atenção, e principalmente boa vontade. Faltou interesse em se
envolver, sobrou implicância.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Vejo isso acontecendo bastante. Há
certa birra com o que não é direto, com qualquer resquício de subjetividade. Já
me vi muitas vezes assim, implicando, sem mais nem menos, com algo que eu não
entendi, ou que tive preguiça de entender. Não sou obrigada, assim como ninguém
é, a gostar de algo que (a princípio) não está se comunicando comigo, mas será
que eu ao menos tentei compreender aquilo? Será que fiz algum esforço, parei
por mais de dois minutinhos para ver se aquilo ali chegava até a minha pessoa?</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">O exemplo da canção “Arco da aliança”
nem chega a ser um bom exemplo de uma arte de difícil apreensão – trata-se na
verdade, em minha opinião, de uma canção tão linda quanto compreensível em sua
poética, abordando cirandas e danças que alumiam, cenários tão fáceis de
visualizarmos (e sentirmos). Mas, quando há má vontade, o resultado é esse:
fala-se qualquer coisa, só para detonar.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Voltando à sessão mea culpa, cheguei a
fazer parte de uma comunidade, no extinto Orkut, chamada “Odeio
intelectualoides”. Não lembro o que me motivou a clicar ali – provavelmente
algum filme “sem pé nem cabeça” que, impaciente, eu não quis entender? Talvez
–, mas hoje vejo que esta atitude de fazer questão de mostrar minha aversão a
assuntos intelectuais nada mais era do que uma invejinha básica. Inveja de quem
conseguia sair do raso e partir para campos mais complexos. Talvez tenha sido a
mesma inveja que sentiu o comentador de Alice (mera suposição) por,
infelizmente, não se permitir ser menos direto e mais poético, às vezes.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Acho que temos ainda muita vergonha de
deixar nosso lado mais sensível aflorar. Só vale “papo reto”, o resto é
frescura? Enrolação? Arte é o que, então? “Coisa de fresco”? Deve ser, porque,
aliás, até pronunciar a palavra “arte” – ou o derivado, “artista” – é um tabu,
também. Já vi músicos rindo destas palavras. Eita! Precisamos de piadas
melhores.</span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Em março aconteceu, na Praça
Tiradentes, a Feira do Bonde, um ato político-artístico cheio de atrações.
Entre estas, duas performers apresentaram um trabalho onde uma delas derramava
um líquido vermelho na parceira, a enrolava em plástico filme, deslizava uma
machadinha pelo corpo desta. Tempos depois a revista <i>Piauí</i> resolveu
falar sobre aquilo (o ato como um todo) de forma bastante jocosa, fechando com
chave de latão ao citar um comentário feito no YouTube, em relação ao vídeo da
citada performance: <span style="background-image: initial; background-repeat: initial;">“Eu devo ser muito ignorante mesmo, não entendi absolutamente nada.”
Penso que o rapaz que escreveu talvez de fato não tenha entendido, mas poderia entender
caso estivesse no local, no meio do contexto, sabendo que o evento tratava de
política e questionamento da vida na cidade do Rio de Janeiro (que comemorava
450 anos naquele dia). Mas e a jornalista da </span><i><span style="background-image: initial; background-repeat: initial;">Piauí</span></i><span style="background-image: initial; background-repeat: initial;">, será que não
entendeu mesmo? Ou fez questão de não entender para mostrar sua resistência
àquilo que estava acontecendo?</span></span><span style="color: #222222; font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Acho bacana sempre tentarmos separar aquilo que não
entendemos por convicção (ou seja: quando temos ressalvas em relação a algo)
daquilo que de fato não entendemos racionalmente, por falta de vivência ou
envolvimento com o tema. </span><span style="font-family: "Adobe Caslon Pro","serif"; font-size: 12.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-line-height-alt: 11.9pt;">
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-69880572114628532662015-09-12T09:30:00.000-07:002015-09-16T04:59:40.670-07:00Não há outra saída<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="Standard" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Certa vez, conversando com um colega, eu disse que
estava feliz com a perspectiva de lançamento do meu CD (que só aconteceria um
ano depois desta conversa), e disse, também, que sabia que hoje em dia a música
se espalha mais facilmente, chegando a muito mais pessoas pela internet,
através de downloads etc. Usei o exemplo de um amigo – grande músico, que, além
de sê-lo, é filho de outro grande músico – cujo CD, disponível na internet,
teve mais de 10.000 downloads. Daí ouvi o seguinte comentário, como réplica:
“É, mas você não é o fulano, nem é filho do sicrano.” Ou seja: eu deveria tirar o cavalinho da chuva e entender que provavelmente eu <i>não </i>teria
o alcance que o amigo músico teve. Melhor morrer de véspera, logo.</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">O que aconteceu? Meu CD saiu, lindo, em um show
lotado no Sergio Porto (detalhe: foi o dia mais feliz de minha vida até então).
Desde este dia (o dia do show foi o dia que o CD chegou de fábrica), o filhote
me trouxe muitos momentos bonitos, de depoimentos de amigos e pessoas que
compraram o CD pela internet. E, antes do show, o próprio processo de pensar e
fazer o <i>Temperos</i> foi minha empreitada mais importante, até
hoje. Amadureci muito no estúdio, amadureci muito com as consequências de tudo
o que aconteceu depois. Artistas que admiro admiraram meu trabalho, coisas
que valem ouro aconteceram graças a esta decisão de gravar meu primeiro disco
solo. E será que algum número de downloads consegue expressar tudo isso que
vivi? Acho difícil, visto que nem eu consigo mensurar o tamanho de tudo o que
aconteceu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Estas contabilidades - downloads, curtidas, números
de <i>plays</i> no SoundCloud etc. - me interessam, sim, porém
menos do que outras análises. Prefiro observar, por exemplo, o que fiz hoje
pela minha carreira (conselho da querida Elisa Fernandes). Prefiro analisar se
estou melhor, profissional e tecnicamente, do que estava há tempos. Se estou
com medo de dar algum passo. Se estou querendo fazer algo por ego ou por real
vontade. Se não quero fazer algo porque não vale a pena ou por pura preguiça,
mesmo. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">O que quero dizer é: acho que tenho muito. E é
claro que quero ainda mais. Quero gravar mais, chegar a muito mais pessoas,
quero experimentar muito mais. Meu alcance ainda é bem menor do que o alcance que espero ter, com o tempo. Porém, tudo o que tenho alcançado, cada pequena
vitória, eu sei que é, na verdade, mais uma peça que vai se encaixando em meu
trabalho, coisas que vão fazendo com que a cada dia eu me fortaleça mais. Nem
tudo são flores, e, infelizmente, ainda me pego desanimada vez ou outra, mas
sempre que percebo tudo o que tenho e tudo o que consegui, me animo e vejo que
não há outra possibilidade senão seguir em frente, para conquistar ainda mais
coisas, colecionar mais momentos felizes, histórias gostosas de se viver.</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Vez ou outra me lembro – e se me lembrasse sempre
seria ótimo – de algo que disse Dalai Lama no livro <i>Uma ética para o
novo milênio</i>: “Como o banqueiro que recolhe os juros até do menor
empréstimo que faz, temos de levar em conta até o mais insignificante aspecto
positivo de nossas vidas.” É preciso pensar que o que tenho é muito para uma
pessoa que tantas vezes duvidou de si. Pois conto, hoje, com parceiros tão
bons, pessoas que me ajudam tanto, que querem estar do meu lado, que sentem
felicidade em fazer música comigo, e eu com elas... E pessoas que querem fazer
outros tipos de parceria comigo, para que possamos nos ajudar mutuamente,
trocando serviços, unindo as forças. Isso é um grande motivo para ser grata:
vejo claramente a credibilidade que tem meu trabalho. Taí uma conquista tamanho
GG.</span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;"> E tem aí muito mais por vir. Não estou
falando de ganhar prêmios, de assinar contratos, nem de grana. Falo de ação, de
vivências. Canções que farei, sozinha ou com parceiros, shows que realizarei
com outros cantores, ou shows de meu trabalho solo, momentos marcantes que viverei nessa
eterna descoberta que é falar através da arte. Acontecerão sempre que eu me
entregar e acreditar, sabendo que não há outra opção (ou, ao menos, não outra
que me faça sentir tão feliz). Pode ser que hoje mesmo, quando eu pegar meu violão,
algo bonito aconteça. Pode ser que, ao sair para a ver a peça de meus amigos,
eu veja algo que me inspire e daí surja mais uma canção. Agora, amanhã, sempre,
a todo momento, podem vir mais pecinhas que se juntarão em minha música e farão de mim alguém
ainda mais conectado consigo e com o mundo. Pensar nisso tudo evidencia o privilégio que é viver neste universo de melodias, letras, ritmos e harmonias. </span><span style="font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif; font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 13.85pt; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Embora eu ame muitas coisas, muitas artes e muitos
ofícios, eu sei de uma coisa: não há outra saída para mim que não seja
extravasando minha musicalidade. Se as coisas estiverem indo bem, se estiverem
indo mais ou menos, se estiverem bem abaixo do que eu esperava, não importa. É
isso o que tem que ser feito, e ponto. </span></div>
</div>
</div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-57285015285304369642015-09-11T09:13:00.003-07:002015-09-11T09:13:46.330-07:00Sensualidade musical <div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Escrevi há um tempinho um texto
sobre a beleza constrangedora, onde
discorri sobre um fenômeno doido: a beleza, gigante, pode assustar o autor desta
(pintei o caso específico do cantor). Este, por sua vez, boicota aquela beleza,
instintivamente, achando que “não pode” – resumo resumidíssimo do texto. Usei a
primeira pessoa majoritariamente, é claro, pois me baseei em minha própria
experiência. Outras pessoas se identificaram e vieram falar comigo sobre, o que
me deixou muito feliz: falar sobre minha própria beleza não foi muito fácil,
tanto pela questão de uma aparente prepotência quanto por expor uma grande
fragilidade, algo bem íntimo, deste jeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Mas a intenção é mesmo esta,
aqui neste blog: falar sobre tudo o que ainda não entendo direito (e que ao
escrever entendo um pouco melhor), falar sobre o que acredito entender
minimamente (e que ao escrever percebo que entendo bem pouco, mesmo), falar
sobre aquilo que, a princípio, talvez eu não devesse falar, por evidenciar meus
pontos a serem melhorados, pontos que talvez eu devesse esconder, ou abordar
apenas quando já fossem coisa do passado, temas resolvidos. Mas o fato é que
escrever sempre me deixa muito melhor, e não há vaidade que vá me privar desta
sensação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Quero falar hoje sobre algo
muito próximo ao que abordei no texto “A beleza constrangedora”, mas
ligeiramente diferente. Quando falei que existem belezas tão gigantescas dentro
de nós que chegavam a assustar, não sabia (ou sabia e ainda não havia assumido,
talvez) que aquilo era uma questão de entrega. Entregar-se, deixar-se levar.
Perder o controle.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Existe um momento muito bonito
na música, que é quando a conexão acontece de forma muito forte entre os que
estão executando uma música. Posso sentir isso, por exemplo, quando estou com
algum/alguma violonista ou pianista, por serem estes os instrumentos que
geralmente me acompanham. Em um ensaio, se tudo estiver correndo bem, pode
acontecer um momento de forte conexão, um momento onde há um “clique”, algo
acontece de especial. A música vem com toda a sua potência, e esta potência é
uma espécie de sensualidade. Não tem a ver com algo físico, é algo que está no
ar e de repente é fisgado. Tem muito a ver com a beleza que constrange, mas vai
um pouco além, pois envolve outra pessoa: esta grande conexão é um encontro que
pode ser estranhamente íntimo, e isso pode, mais do que assustar, parecer
inadequado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Em junho fui ensaiar para uma
apresentação. Na hora de passar minha música preferida do repertório deste show,
eu, ensaiando com o guitarrista que acabara de conhecer (apenas eu e ele, pois
precisávamos conferir a tonalidade), senti isso com força: houve naquele
momento, no meu deixar-me levar, uma sensualidade forte, uma intimidade e um
encontro muito bonitos. Estranhei, me segurei, e sei que deveria seguido com
aquela mágica. A canção é linda, a voz estava linda, a guitarra idem. O
encontro é isso, é esta beleza constrangedora, só que mais bela ainda, por
acontecer em contato com outro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Fui comentar com minha querida
amiga Claudia Holanda sobre isso, dizendo que eu havia notado que havia uma
sensualidade no ar e que às vezes descia, que chegava, e que parecia íntima
demais para existir entre pessoas que eram apenas amigos, colegas de profissão,
ou o que quer que seja. Claudia, após ouvir minhas impressões, confirmou minhas
suspeitas: “Ah, é por isso que às vezes tenho a impressão de que você se economiza”.
Aos invés de deixar transbordar, seguro minha represa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Música é sensualidade, e como
nunca havia percebido isso? E digo sensualidade no sentido mais amplo de todos:
sensibilidade, entrega, espiritualidade, tudo o que nos arrepia a pele. Tudo o
que nos faz deixar cair as máscaras, e ao mesmo tempo nos faz usar a melhor
máscara, a mais bonita, a mais sincera, a mais nua. Tudo o que nos deixa em
contato com o nosso íntimo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Não tenho, a pretensão, aqui, de
criar uma tese sobre algo que nem eu entendo direito, sobre algo que me pegou
de surpresa, sobre algo que muito mais sinto do que compreendo. Escrevo sobre porque
constatei, percebi: isso acontece. E que lindo isso acontecer. <o:p></o:p></span></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-21825201735829888582015-09-10T07:55:00.000-07:002015-09-11T06:07:22.011-07:00O som da moda<div class="georgia" style="text-indent: 43.5pt;">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Lembro que
certa vez comentei com alguém que queria fazer um show só de canções do Itamar
Assumpção. Me alertaram que não o fizesse, e uma das razões foi esta: “Zélia
Duncan já fez e tem a maior galera cantando as músicas dele. Antes ninguém
queria saber do cara, agora está na moda...”</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">À época eu
não sabia que a Zélia tinha este projeto cantando as canções do Nego Dito, mas
é verdade que já tinha visto um vídeo da Simone Mazzer cantando “Parece que
bebe”, bem como sabia que a <i>Caixa preta </i>do Itamar havia sido
lançada em 2010.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Mas a
pergunta que não quer calar é: será que este é um bom motivo para não fazer
algo empolgante? Será que este é um bom motivo para deixar um projeto na
gaveta? Dar um tempinho, e quando “sair da moda”, finalmente fazer (ou nunca
mais fazer, já que você “chegou atrasado”)? Porque, dizem, não se deve fazer
algo apenas porque todos estão fazendo, e concordo plenamente com esta
afirmação. Mas será que é<span class="apple-converted-space"> </span><i>obrigatório</i> não
fazer algo, uma vez que muitos outros já estão fazendo aquilo?</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Será que na
vida a gente deve, sempre, tentar correr contra a corrente? E se a corrente for
boa? Se for uma onda bem legal que invade as rádios, os hábitos, o cotidiano?</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Seguindo o
mesmo raciocínio, será que devemos deixar de usar a palavra “gratidão” porque
está na moda? Será que devemos ter implicância com assuntos como feminismo,
sustentabilidade, política etc. apenas porque estão em voga – mesmo que sejam
importantes e benéficos? Pessoalmente, acho um ótimo sinal que assuntos deste
naipe estejam na moda – vamos acabar sabendo ainda mais sobre eles, a discussão
será aprofundada, e muita gente será beneficiada com estas informações. Torcer
para que continuem no underground é egoísmo, síndrome de Danuza Leão: quando
todo mundo faz (ou conhece), não tem mais graça.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Falando por
mim, gosto do fato de Itamar estar muito mais visível e fácil de encontrar do
que antes (eu sei – infelizmente ele ainda não está exatamente na moda). Em
2003 um dos chefes da loja de roupas em que eu trabalhava colocou um dos
volumes do CD <i>Bicho de sete cabeças</i><span class="apple-converted-space"> </span>para tocar, e amei, não poderia
ser diferente. E ao mesmo tempo fiquei chocada ao constatar que eu nunca tinha
ouvido falar naquele artista tão inovador. Que bom que hoje é bem mais fácil
ser invadido por sua música – através de Zélia, Anelis, Simone Mazzer, Guidi
(opa!)...</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">É incrível
querer subverter, querer fazer diferente. Mas esta ânsia não é benéfica se
ajuda apenas a limitar seus desejos. Penso assim: cante algo que ninguém gosta,
e também cante algo que o mundo inteiro vai cantar junto, se esta for sua
vontade. Faça o que te der na telha – o que te motiva é o mais importante.
Orgulho é quase tão ruim quanto a vontade de fazer sucesso/agradar a qualquer
custo.</span><span style="font-size: 13.5pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-indent: 43.5pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt;">Não sei se
algum dia farei um show só de Itamar, e hoje sei que de fato aquela não era a
hora (eu precisava focar na finalização do meu CD), mas quando lembro deste
comentário que ouvi, penso: este não é um argumento bom. Podemos pensar na
possibilidade de que talvez um assunto muito abordado acabe sendo maçante para
o público e não gere muita empolgação. Claro, precisamos ser inteligentes e até
estratégicos:<span class="apple-converted-space"> </span><i>timing</i><span class="apple-converted-space"> </span>é importante, mas não é importante a
implicância com o fato de que "agora tal coisa está hypeada". Sim,
coisas boas várias vezes ficam hypeadas, depois de um tempo. Que bom, pois elas
merecem isso mesmo, não devem morrer obscuras. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; text-indent: 43.5pt;">É legal lembrar que existe o inconsciente coletivo, e também a contaminação. Várias vezes temos
ideias, não as colocamos em prática e logo alguém pinta fazendo o que queríamos fazer. Várias vezes fazemos, e concomitantemente outro alguém também faz.
Várias vezes fazemos e descobrimos que já tem gente fazendo há muito mais
tempo. Isso é ruim, necessariamente? Não acho. Talvez sirva para engrossar o
caldo, e evidenciar que, sim, aquele é um assunto que definitivamente está
pedindo para ser explorado. </span></div>
</div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-8883782478855055322015-09-04T07:22:00.002-07:002015-09-07T05:01:30.302-07:00O que será que ando despertando por aí?<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i><br /></i></span></span></span></span>
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>Deixei de te seguir... e curtir suas postagens... também de compartilhar... era seu fã... bj</i></span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<br /></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Ontem, quando acessei a internet, vi esta mensagem em minha página de artista do Facebook.</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"></span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Confesso que não entendi nada.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">É</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> claro que em um primeiro momento isso me incomodou um pouquinho, porque não é muito</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> legal </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">saber que alguém passou a</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> desgosta</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">r</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> d</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> seu trabalho (foi isso o que a pessoa quis dizer, acho), </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e não saber nem direito o porquê disso. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">E não entender, ficar boiando, não saber nem de onde veio a coisa etc., dá uma sensação estranha. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Minha reação em pensamento foi: u</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">é, mas eu nem fiz nada. Então, por que diabos estou recebendo uma mensagem que serve apenas para que a pessoa chateada tenha certeza de que eu irei saber que ela está chateada comigo?</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Mas... logo depois, pensei uma coisa que me trouxe uma sensação boa: t</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">alvez eu esteja me subestimando. Talvez meu alcance seja maior do que penso. Talvez eu desperte coisas, sentimentos, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">sobre os </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">qu</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ais</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> não fa</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ço</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">a me</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">n</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">or</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> ideia.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">É. Acho que quando faço questão de dizer que não tenho fãs, mas amigos que curtem meu trabalho, devo estar me diminuindo, certo? Devo estar </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ignorando o fato de que há, sim, várias pessoas que conhecem meu trabalho e que não me conhecem pessoalmente. Meu trabalho deve ter chegado a muitos ouvidos cujos donos nem faço ideia de quem sejam. A música (e a arte em geral), hoje em dia, em tempos de internet, pode voar bem alto, mesmo sendo você um artista independente. Canal de YouTube, página de Facebook, este blog (em bem menor proporção), o Twitter, as matérias que saíram sobre o </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"><i>Temperos</i></span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">, sobre o tributo aos Novos Baianos feito pelo Jardim Elétrico, o SoundCloud do Jardim Elétrico, o SoundCloud do coletivo Cavalo Preto, meu SoundCloud, o CD do Alvinho Lancellotti, que </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">teve </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">muuuuitos downloads (do qual participei), compartilhamentos de vídeos meus, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e, além da internet, as</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">parcerias com Dudu Godoi, Silvan Galvão, Claudia Holanda e tantos outros, que me levaram a muitas outras pessoas...</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> Tudo isso deve ter feito com que exista, por mais que eu negue, muita gente</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR"> que é, sim, fã do meu trabalho. E ontem descobri que tenho até ex-fãs.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Não é uma condição que eu busque. Não acho prazeroso saber que algumas pessoas estão decepcionadas com meu trabalho ou comigo. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Acho incrível, sim, fazer o que bem quero, e sei que isso pode gerar descontentamento, mas n</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ão </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">é meu objetivo de vida </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ser alvo deste tipo de mágoa que nem sei como começou </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">(</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e nem sei que tipo de expectativa estava sendo criada em relação a mim para que chegasse a este ponto</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">)</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">. </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Creio, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">apenas, que é uma conquista entender que não, meu público não é feito só de amigos, </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">ou de amigos de amigos</span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">. Não. Tem gente por aí que gosta do que eu faço </span></span></span></span><span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">e não me conhece. A parte ruim é que tem gente por aí que ficou frustrada comigo, sem termos nunca nos conhecido pessoalmente. Mas isso quer dizer que o alcance de minha música pode ser bem maior do que eu pensava.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Sendo um pouco menos vaga em relação a este caso específico, creio que o problema tenha sido: a pessoa em questão já havia mandado a seguinte mensagem (que nunca entendi), quando coloquei alguma foto minha na página de artista: “Você está me decepcionando... nunca está cantando”. Talvez tenha sido uma referência ao fato de eu nunca ter ido à cidade da pessoa para cantar, apesar de seus pedidos. A ironia é que ontem, mesmo dia em que recebi a mensagem, foi o dia em que um amigo músico me avisou que foi confirmado o show que faremos juntos, logo logo, em uma cidade super próxima da cidade deste meu ex-fã.</span></span></span></span></div>
<div align="LEFT" class="western" style="line-height: 0.48cm; margin-bottom: 0cm; orphans: 2; text-indent: 1.5cm; widows: 2;">
<span style="color: black;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"><span lang="pt-BR">Finalizo o texto feliz, percebendo que é importante darmos muito valor ao que temos. Não posso subestimar aquilo que já alcancei, todo o esforço que fiz. Se ontem recebi uma mensagem que, a princípio, não fez muito sentido para mim, também entendi que estava diminuindo minhas conquistas e tratando meu esforço em divulgar minha arte, meu esforço como artista-produtora de mim, como algo cujo resultado era pouco expressivo. E não é, pelo visto. Desperto coisas que nem sei... Só espero que, de forma geral, eu desperte muito menos desilusões do que coisas boas.</span></span></span></span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-50353929013673850182015-08-28T13:25:00.000-07:002015-08-28T13:28:53.649-07:00Música no metrô<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px; text-indent: 42.55pt;">Há um ou dois meses estava eu no metrô, fazendo o trajeto Glória-General Osório, quando um casal de músicos entrou no vagão onde eu me encontrava. A música deles me conquistou de cara. Comprei um CD da dupla Maga e Marcelino e ainda dei o meu a eles, de presente. Fiquei com o pocket-show na cabeça, pois a musicalidade ali era mesmo impressionante. A dupla interpretara uma canção latina – não sei se era um candombe ou outro ritmo – e depois “Conto de areia”, eternizada na voz de Clara Nunes. Esta última ficou especialmente bela com o sotaque </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px; text-indent: 42.55pt;">hermano</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px; text-indent: 42.55pt;"> deles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Pouco depois Maga entrou em contato comigo, graças ao CD que havia deixado com eles, e fiquei de filmá-los no metrô. Finalmente anteontem pude acompanhá-los em um dia de trabalho nos vagões. Apenas por uma hora pude estar com eles, mas foi precioso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Foi precioso porque a música deles é um deleite, mas também foi precioso porque há tempos eu queria falar sobre os músicos do metrô em um texto, mas não sabia exatamente por onde começar. E é claro que depois de estar com eles entendi melhor o que eu sentia em relação aos músicos de rua/viajantes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Começando a explanação: sempre me sinto na obrigação de ajudar os músicos do metrô. E por que sinto isso? 1) A música sempre é boa e me deixa mais feliz; 2) também sou musicista; 3) e, ainda por cima, sou uma musicista que já dependeu e vez ou outra ainda depende de passar o chapéu. Por todas estas razões, fico comovida. Me comovo com a coragem que têm de entrar em um ambiente onde podem ser hostilizados. Fico comovida com o fato deles encararem a realidade de forma proativa, vendo a questão financeira como algo solucionável, bastando, para isso, sair da zona de conforto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Daí percebi, com Maga e Marcelino – cujo trabalho atende pelo nome de La Contra Tango –, que há, por parte do público, ao mesmo tempo que uma resistência inicial, um deixar-se seduzir. Foi bonito observar as pessoas sendo pegas de surpresa e, mesmo assim, se deixando levar, embalando-se ao som deles, não resistindo à música. Observei os sorrisos; a forma como algumas pessoas saíam do vagão, mais felizes do que estavam. Música (não) é brincadeira, mesmo. Muda estado de espírito, melhora o dia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Quem está escrevendo este texto é uma pessoa que gosta muito de ler no metrô e no ônibus. Que aproveita estes momentos e coloca a leitura e também a escrita em dia. Em um primeiro momento, pode ser que aquela música me faça pensar: agora eu queria silêncio, e não som. Mas basta que se passem alguns segundos para a música me pegar, me fazendo esquecer da leitura. Digo isso para explicitar que entendo quem não gosta de música no metrô, por querer exatamente um momento de relativa tranquilidade (não estamos falando da hora do rush, pois os músicos não se apresentam nestes horários).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Mas também observei, em um dos vagões que nós três entramos, que existe uma resistência que talvez seja mais do que uma vontade de ficar sossegado, em (relativo) silêncio. Um caso me chamou bastante a atenção: um rapaz jovem, de terno e gravata e imensos headphones nos ouvidos, assim que viu o casal se preparando para a apresentação, se mexeu na cadeira, incomodado, e prontamente resolveu se levantar e sair, para trocar de vagão. Gesticulava e reclamava (não dava para ouvir exatamente suas palavras, pois falava baixo) daquela situação, olhando para a dupla de cantantes com bastante indignação. Só entendi um ”não pode” ou algo do tipo, mas a linguagem corporal disse tudo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Pensei que ali o caso não me parecia ser o do “quero sossego”. O rapaz estava, como disse, com headphones enormes. Um parêntese: certa vez, em 2007, eu estava no metrô quando foliões do Bola Preta entraram no vagão. Eu estava com humildes fones pequeninos, e não ouvi absolutamente nada, pois coloquei o volume no máximo. Ou seja: provavelmente o rapaz sairia incólume daquela viagem. Não era preciso sair do vagão. Mas tendo a achar que a questão é outra. Parece um disparate, uma afronta, dois jovens – tão jovens quanto o rapaz engravatado – viajarem pelas Américas fazendo música, tendo a coragem de usar o talento como ganha-pão, não deixando morrer a arte dentro de si - arte esta que todos nós carregamos (e onde será que alguns de nós a escondemos?). Ficou, para mim, a forte impressão de que Maga e Marcelino, assim como outros músicos, poetas, artistas plásticos, performers etc. acabam dando uma chacoalhada na rotina das pessoas, e isso nem sempre é positivo, dependendo do receptor: às vezes é dolorido perceber que os caminhos podem ser outros, menos engessados. Que existem, sim, outras opções, outras formas de vida. Que quem escolhe somos nós, e que bem raramente pode-se dizer “não tive escolha”. Por isso (e digo de cadeira, para variar), pode doer ver que a vida que construímos poderia ter sido diferente – mais ousada, mais movimentada, mais aventureira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">(Jamais quero dizer que uma pessoa de terno e gravata seja infeliz – sei de pessoas com uma vida aparentemente convencional que colocam em prática seus sonhos, sendo extremamente realizadas e felizes. Apenas me pareceu bem forte a questão do incômodo não ser a música, e sim o pacote que o La Contra Tango trazia, juntamente com a música. A liberdade vista assim, tão de perto, pode doer como um tapa, caso se esteja muito longe de sua própria natureza.)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Neste mesmo dia um senhor, que assistiu ao pocket-show e aparentemente gostou, “desafiou” Maga a definir a palavra “saudade”. Pediu isso com uma nota de dinheiro na mão, e enquanto Maga não respondia, ele não entregava o dinheiro. Sutil forma de violência, como a própria Maga definiu. Quis mostrar que quem mandava ali era ele. Por quê? Porque, realmente, estes músicos são uns sem vergonha: têm coragem para fazer o que amam, ganham algum dinheiro com isso (uau, quanta grana!) e, ainda por cima, são bons. Um disparate!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Bom, esta é minha leitura. Foi o que percebi, tendo como bagagem diversas experiências similares. É que parece que, por estarmos nos divertindo no palco, talvez não haja a necessidade de sermos pagos. Talvez, por ser algo gostoso de se fazer, não seja difícil. Talvez, por ser bonito, um ato de comunhão, fique meio estranho chamar aquilo de profissão, trabalho. E, se você não está trabalhando, não merece muito respeito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">Acho que é o contrário. O conceito de trabalho é que deve mudar. Mas este papo é longo e muito pessoal, quiçá espinhoso. Só acho importante que se lembre que todos os seres humanos têm um lado artístico. Por isso, não há necessidade de nos distanciarmos das Magas e Marcelinos que aparecem em nossas vidas, nos conquistando/provocando com suas artes. Todos nós temos um lado aventureiro e descompromissado, e é importante dar vazão a ele. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: 'Trebuchet MS', Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.1999998092651px; line-height: 18.4799995422363px; text-indent: 42.55pt;">
<span lang="pt" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 19.1666660308838px;">E, se possível, nos deixemos embalar pelos momentos inesperados e pelos encontros. Como quando La Contra Tango entra no metrô e nos tira do torpor da rotina.</span></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-82812106115471841952015-08-12T18:02:00.003-07:002015-09-07T05:00:49.545-07:00A tal da expectativa e as diferentes fases da vida<div class="MsoNormal">
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;">Momento 1: Estes dias terminei
de ler o excelente livro </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;">Makaloba</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; text-indent: 42.55pt;">, de
Edilson Martins. Diz ele, em certo momento: “O que dizima o encontro é a
expectativa. As coisas vão acontecer onde não esperamos. Produziu, projetou,
dançou. A viagem só existe (...) para todos aqueles que estão abertos ao
encontro.”</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Momento 2: Sábado passado fui
ao show da Karina Buhr, de graça (oba!) na Cinelândia. Gostei muito do show,
achei a apresentação incrível e tudo aquilo se comunicou muito comigo. Poderia
dizer que entendi o recado, eu acho. Saquei o que aquela artista queria dizer;
gostei do que ela disse.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">O que o assunto “expectativa”
tem a ver com o assunto “Karina Buhr”? Para mim, tudo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Em 2010 fui ao show da Karina
Buhr, no Teatro Rival, com meu namorado à época. Saímos antes do show terminar.
Estava tarde, sim, e estávamos cansados, mas não foi esta a razão. Não
estávamos gostando do show, mesmo. A única canção que chamou minha atenção foi “Vira
pó”. E esta foi a única faixa que coloquei para ouvir, algumas poucas vezes,
no meu aparelho de CD. Todo o resto do disco <i>Eu menti pra você</i>, que eu havia comprado no Rival, antes do show
começar, não me agradava. Aliás, se eu tivesse deixado para comprar depois de
ver o show, acabaria não comprando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Ué, mas era a mesma artista.
Tocando as mesmas músicas. Incluindo muitas outras novas canções, é verdade, mas
interpretando também aquelas mesmas que eu havia visto há cinco anos, sem
gostar, ou melhor, gostando apenas de uma. E aí? O que aconteceu?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Será que ela não estava inspirada
naquela noite no Rival? Não, inspirada ela estava, com certeza, disso eu lembro
bem – solta, inteira, 100% entregue. E a banda, ainda por cima, contava com
Edgar Scandurra. Estava tudo nos trinques. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">O que mudou de lá pra cá fui
eu. Em 2010 eu queria bastante distância de sons pesados. Havia saído de uma
banda de rock há não muito tempo (a banda havia acabado) e estava completamente
apaixonada pela música brasileira. Cantando muito forró. Curtindo os ritmos
brazucas, dançando os mesmos, afogada em brasilidade. E felizaça com isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">E mesmo antes de mergulhar de cabeça
na MPB, eu já amava o Comadre Fulozinha, banda que contava - ainda conta? - com Karina na voz,
percussão, composição. Era uma coisa linda, e eu vivia ouvindo o CD (e ainda
vou tocar “É ou não é” em um show). Fui a um show delas no CCBB, em 2008, que
foi muito bom. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Então creio que foram duas as
razões para não ter curtido, antes. Primeiro, eu estava com <a href="http://guidivieira.blogspot.com.br/2015/02/ainda-vou-te-decepcionar.html" target="_blank">expectativas</a>. Fui
ao show do trabalho solo de Karina sem conhecê-lo, mas certa de que era um
som <i>à la</i> Comadre. Não deu certo: a
expectativa dizimou o encontro, como escreveu Edilson. Segundo, eu estava cansada
de ouvir rock. Precisava conhecer melhor outros sons, me banhar em outras
sonoridades. Era tempo demais em um estilo, queria outros. Aquela rápida visita
à distorção, no show dela, não era o que eu estava querendo, à época. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">Quando, neste sábado, meu atual
namorado me convenceu a ir no show dela, fiquei com vontade de não ir, mas acabei
indo porque já sabia o que me esperava, ou seja, estava preparada
psicologicamente para aquele som que eu “com toda certeza” não ia curtir, de
novo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;">E ao chegar lá, adorei, e
percebi que eu havia finalmente encontrado um equilíbrio. Acho que não tem mais
essa de precisar dar um tempo deste estilo, ou daquele lá. Já dei o tempo que
era preciso para descansar e conhecer outros mundos. Agora, <i>vem ni mim rock, vem ni mim forró, vem ni
mim bolero</i>. Aceito tudo o que seja bom – taí um conceito bem relativo, mas
não tem como usar outra palavra. Sem essa de dividir em times. Música pode ser
boa (de novo esta palavra) de muitas formas. </span><br />
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"> (Outra coisa que me ajudou a
repensar esta questão foi quando, em 2013, soube que em uma reunião para
organizar um evento muito bacana, na rua, alguns ativistas queriam que o ato
contasse apenas com maracatu, talvez por ser tipicamente brasileiro, e queriam
vetar bandas de rock, talvez por não ser tipicamente brasileiro. Isso me ajudou
muito a rever meus conceitos e preconceitos.) <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%;"> Foi bacana, também, perceber que Karina Buhr
também tem <a href="http://guidivieira.blogspot.com.br/2013/12/duas-vidas.html" target="_blank">duas vidas</a>. Fez o som brasileirão, depois fez a mistura com
rock, funk, pop. Saiu se permitindo, foi embora. Quebrou minhas expectativas, e
talvez a de um monte de gente. Que só foi entender aquilo, ou se
entender, algum tempo depois. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<br /></div>
</div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5068105340198669514.post-10160135575720572412015-08-07T09:18:00.000-07:002015-08-07T09:28:42.231-07:00O olhar privilegiado<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">“Em resumo bem resumido, </span></i><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Temperos<i> é um álbum de MPB. A sigla é genérica, e por isso é bem cabível aqui.
Dona de um registro afinado e bonito, Guidi Vieira se cercou de arranjos
corretos e canções bacanas para mostrar que os tempos de rock já eram. E é
justamente esse o ponto que faltou para o disco. A releitura de ‘Tigresa’
esclarece tudo. A afinação e o acordeon trabalham em conjunto, para uma leitura
que dispensa qualquer sensualidade ou calor. As demais faixas são bonitas, mas
pecam na falta de… bem… de tempero, mesmo. Em resumo, para quem procura um
disco legal, com canções legais para ouvir no carro, </i>Temperos<i> é uma boa dica. Quem precisa de mais,
sugiro acompanhar a carreira da moça para ver o que ela nos reserva.”<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Ao ler esta crítica, feita por Marcos Sampaio, do jornal <i>O Povo</i>, imediatamente lembrei de outra
que havia lido anos antes, em alguma das muitas publicações que resenharam o
primeiro CD do Pic-Nic, minha antiga banda de rock:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<i><span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">“...Guidi imprime uma leveza nas
palavras que nos deixa feliz. Nem mesmo as leves tremidas, talvez pelo nervosismo
de estar gravando um disco, atrapalha em algo.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Ambas me trouxeram uma sensação bem parecida: “Será que
apenas eles sacaram isso? Ou todos sacaram, mas eles foram os únicos que
resolveram falar sobre estas questões?”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Achei bem interessante a crítica feita ao CD do Pic-Nic. Será
que ninguém havia notado que minha voz estava tremida? Eu achava aquilo
flagrante, e me incomodava bastante. O crítico acertou na mosca: a voz tremida
era puro nervosismo por estar gravando um disco pela primeira vez. E exatamente
por ser totalmente inexperiente, não havia insistido em corrigir, gravar de
novo. Saiu assim. O disco foi bastante elogiado (lembro apenas de uma crítica
onde a arte do CD, totalmente manual, foi ligeiramente esculachada, mas o som
foi exaltado); mandamos nosso material para um bando de revistas e sites e
tivemos resultados muito bons. Ninguém se referiu à minha voz tremida, apenas
esta pessoa da crítica citada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Meu CD <i>Temperos</i>
também foi muito elogiado. E sei que muitos críticos gostaram, de coração (a
maioria deles nunca tinha ouvido falar de mim). Penso que o resultado realmente
ficou bom, pois foi feito com muito cuidado. Mas achei bem interessante a
referência do jornalista do <i>O Povo</i> ao
rock, ou melhor, à falta deste. Porque hoje penso que seria sim, bacana, ter
deixado este meu lado, tão forte, ter aparecido, mesmo que levemente. Mas na
época fiz exatamente da forma que queria, e o CD saiu brazuca, do jeito que eu
almejava. Só que ficou evidente (ao menos para o Marcos Sampaio) que o rock
poderia apimentar um pouco mais minha interpretação, poderia ter dado mais
calor ao meu trabalho, e poderia ter se misturado à brasilidade (sabemos que
esta mistura é boa). Nisso, concordo. Também concordo com o que ele disse em
relação à minha interpretação de “Tigresa”. Já nem canto mais esta canção nos
shows, pois amo a música e não quero continuar interpretando uma canção tão
bonita sem ter todo o sentimento que a mesma pede. O lance é: não concordo com
tudo o que ele disse, mas que achei impressionante ele ter mencionado estes
dois pontos, como se estivesse lendo meus pensamentos, isso eu achei. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Tenho plena consciência de que vivo em uma bolha, e de que
vai ser difícil alguém me massacrar por agora, pois minha projeção ainda é a de
uma artista independente. Acho difícil que alguém seja <a href="http://guidivieira.blogspot.com.br/2014/12/implacavel.html" target="_blank">implacável</a> comigo neste
momento, por uma questão de entender o esforço de uma artista em seu primeiro
trabalho solo, mas também acredito que de fato muitos adoraram o trabalho. Mas
será que eles têm algo a me dizer que eu adoraria saber, para poder melhorar?
Algo de que já desconfio, ou algo de que não tenho ideia, mas que de qualquer
forma poderia me ajudar a desenvolver o que faço, em algum sentido?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">O lance é que desde que ouvi Julio Adrião dizer, em uma
oficina de teatro narrativo, que o olhar do outro é o “olhar privilegiado”, e
que o mesmo vale ouro por ver aquilo que muitas vezes não vemos, fiquei
fascinada com esta ideia. O que será que não vejo em mim? Ou: o que será que
vejo e penso que ninguém mais vê, e por isso não dou muita importância à
melhoria disso?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Existem estes dois lados: implicamos com certas coisas sobre
nós que muitas vezes são até boas, características marcantes. Mas também
ignoramos certas coisas sobre nós (não sabendo, mesmo, ou sabendo e deixando
pra lá) que um olhar de fora poderia apontar e fazer abrir nossos olhos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">Existem críticas que são pura implicância. Existem críticas
que são gentileza pura, incentivo, ajuda. A primeira, nem precisamos falar
sobre, é boba demais. A segunda é generosa. E a terceira é onde acho que se
enquadra a crítica de Sampaio: sem nenhum resquício de sadismo, ele apontou o
que acha que pode ser melhorado. Numa relax, numa tranquila, numa boa. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
<span style="background: white; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 12.5pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: Tahoma;">E ele ainda fecha com chave de ouro quando diz: <i>“Quem precisa de mais, sugiro acompanhar a
carreira da moça para ver o que ela nos reserva.” </i>Mais uma vez, ele sacou -
também estou louca para saber o que vou fazer, e louca para descobrir o que
estou preparando para mim.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 42.55pt;">
</div>
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: medium; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; margin: 0px; orphans: auto; text-align: start; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 1; word-spacing: 0px;">
<br /></div>
Guidihttp://www.blogger.com/profile/01307504781752217358noreply@blogger.com0