sábado, 8 de março de 2014

Presentes musicais




Hoje estava ouvindo Tincoãs e pensei: que presente ganhei ao ser apresentada ao som deles! Tive uma real sensação de sorte por estar ouvindo aquelas vozes. Este grupo vocal, sobre o qual eu nunca tinha ouvido falar antes de 2009, só chegou a mim porque um amigo achou que aquela mistura Brasil-África iria me agradar. Na mosca: amei.
Lembrei, então, que este foi um dos muitos presentes musicais que já ganhei. E pensei mais uma vez que, de todos os regalos que já recebi na vida, creio que aqueles ligados à música tenham sido os maiores.
No Natal de 2006 ganhei um grande presente do meu irmão mais novo, que me colocou para ver em seu aparelho de MP4 um rapaz tocando uma música linda no violão de aço: era Richard Taylor, tocando “Gorthon”. Fiquei emocionadíssima ao vê-lo interpretando com perfeição aquela música ao mesmo tempo delicada e forte. Eu tinha tido um dia difícil, e à noite ganhei este presentão para lavar a alma.
Quando eu tinha 16 anos, meu irmão mais velho, sabendo que eu andava cabisbaixa (adolescência, vocês sabem como é!), me deu um presente-surpresa: ele e a então namorada iam ao show do Djavan no atual Citibank Hall (à época, ATL Hall) e eu, morrendo de vontade e sem grana para ir, soube na véspera que iria no lugar dele. Esta atitude incrível, onde ambos deixaram de estar juntos apenas para me ajudar – ele inclusive se privando de ver um showzaço –, me deixou radiante: fui ao show do artista pelo qual eu estava mais fascinada na época, cantei junto, me enchi de energia boa. Para completar, bati muito papo, me distraí, me senti feliz e amada. E Djavan ainda tocou “Se” duas vezes, só para que a noite ficasse ainda mais perfeita.
Badly Drawn Boy é outro presente que ganhei. Obrigada, Ricardo, por ter me apresentado a este e a tantos outros grupos/cantores maravilhosos. Este meu ex-chefe tem um gosto musical tão incrível que nem sei como ele não trabalha com isso, como crítico ou algo do tipo. Com ele, conheci Rosalia de Souza, “Transa” e “Livro”, do Caetano, Sergio Mendes, as maiores pérolas do Gil, João Donato e seu “Quem é quem?”, Tommy Guerrero (OBRIGADA!) e o maior presente de todos: Itamar Assumpção. Valeu! (Não bastasse isso tudo, foi Ricardo quem um dia me avisou sobre um show gratuito da Rita Beneditto na Modern Sound – e lá fui eu, toda serelepe, depois do trabalho, ver pela primeira vez minha cantora preferida ao vivo.)
O Maurício, da Baratos da Ribeiro, também devia estar trabalhando como crítico – se é que não está fazendo isso e eu não sei! –, pois, apesar de várias trilhas da loja não serem exatamente a minha praia, posso dizer que ouvi Ednardo e “A manga rosa” pela primeira vez na Baratos, bem como Sergio Godinho (“Com um brilhozinho nos olhos”), Kings of Convenience e Doris Monteiro. Foi ele, também, quem disse que o primeiro disco do Ivan Lins era incrível. Fui ouvir depois, na internet, e confirmei: realmente era absurdamente bom. Agradecida!
O Vitor, ex-baterista do Pic-Nic (banda na qual cantei por cinco anos), me apresentou aos Secos & Molhados, gravando os dois primeiros discos deles em um CD virgem. Ouvi muito, muito mesmo, ficando totalmente viciada naquelas melodias lindas. Ia ao trabalho e a qualquer lugar, todos os dias, com aquele disquinho no meu CD player.
A verdade é que são incontáveis os presentes: Bethi, ao tocar “Clarice” para mim, no violão (“você não conhece?”); Alex, ao colocar no aparelho de som o CD “Le fil”, da Camille; Fabão, ao cantar “Mas quem disse que eu te esqueço”; Ná Ozzetti, ao cantar no festival de Tatuí de 2011 e me pegar de surpresa com aqueles arranjos e aquela voz (pensei que eu só iria cantar, e não sair de lá com um novo ídolo); Sansão, ao nos mostrar o Ponto de Partida cantando “Circo marimbondo”; Daíra, ao cantar “Cicatrizes” naquele estúdio caseiro; Paulinho, ao chamar minha atenção para a letra de “Meu guri”; Tiago e Rodrigo, ao me mostrarem o vídeo de Roberta Sá cantando “Pelas tabelas”; Marcelo, ao me levar para ver a mesma Roberta com o Trio Madeira Brasil no Circo Voador.
E o melhor de tudo em relação a estes presentes é que, por serem imateriais, nenhum ladrão pode levar. E, como não ocupam espaço na gaveta... que venham mais!