Pensei outro dia: bem que eu podia
ousar e tentar entrar em contato com alguns de meus ídolos musicais.
Eu poderia propor de fazermos gravações
juntos. Poderia propor uma pá de coisas. E talvez algum deles topasse, pois
muitos destes não são tão mainstream assim. E outros são nomes
consolidados, mas a mídia já não dá mais tanta atenção, injustamente. Mas o fato
é que poderia rolar, pois alguns artistas acabam trabalhando até menos do que
gostariam (mesmo que trabalhem bastante) porque muitas pessoas acabam deduzindo
– erroneamente – que estes grandes nomes não têm tempo para nada, e nem
interesse em nada que seja novo. Não é verdade: muitos dos artistas brasileiros
consagrados querem esta troca com outras gerações, com outros músicos, com
outras linguagens.
Continuo achando que esta é uma ideia
boa e pertinente, e o pior que esta tentativa poderia me render seria ouvir
alguns “nãos”. Nada muito traumático...
Mas há algum tempo, poucos dias depois
de pensar nesta possível aproximação com meus ídolos, pensei que tenho amigos
músicos que também são ídolos. Por que não pensar em projetos
com eles, que são músicos excelentes e estão totalmente abertos a parcerias? E,
de quebra, também curtem meu trabalho? Estes artistas estão, sem dúvidas,
interessados em unir forças, pois, assim como eu, buscam seu espaço. E toda
junção de forças vale ouro.
Me toquei que estas pessoas estão aqui,
bem do meu lado, à disposição para ouvir boas ideias. Todos estes meus amigos
que também fazem música querem esta ajuda mútua. Então, por que ficar olhando a
grama do vizinho se a minha está bem verde? Me toquei de que estou cheia de
boas perspectivas – meus ídolos-amigos estão aqui, de coração aberto e
interessadíssimos em trabalhar.
Conclusão bem óbvia, esta de me unir a
quem me cerca, não é? (Até hoje não fiz uma só grande descoberta que depois não
me soasse absurdamente óbvia.) E libertadora também, como várias outras que
tenho vivido.
Creio que esta seja uma grande jogada
para a vida, de forma geral: nos servirmos daquilo que já temos. Em todos os
sentidos, de todas as formas. Se já tenho algumas qualidades, que eu usufrua
destas e as potencialize. Se eu tenho amigos, que eu viva intensamente com
eles. Se eu tenho oportunidades, que eu as utilize. Sonhar é maravilhoso, mas a
realidade também é incrível e deve ser desfrutada da melhor maneira.
É interessante, também, pensar se
certos sonhos são apenas uma forma de manter o autoboicote. Se não for,
perfeito, mas já vi (em mim e em outros) muito esta atitude de “sonhar alto”
para evitar que coisas interessantes acontecessem, uma vez que estas coisas
interessantes e possíveis demandam coragem e atitudes práticas.
Outro lado interessante de me unir aos
colegas, além de me sentir mais grata (valorizando aquilo que tenho), é
perceber que não estou sozinha, e que muitos de nós estamos na mesma situação
de fazer grandes esforços e nem sempre ter grandes resultados. Pensar que se
está sozinho em uma realidade, além de talvez ser uma postura egocêntrica, é
algo bastante duro e sofrido. Ver que a vida é cheia de desafios para todos, e não
só para mim, é um grande alívio.
Não há por que dificultar: tenho tudo
nas mãos. E seria um grande pecado não usufruir do que já tenho. E o mestre Gil
já disse (com outras palavras) que não há outra realidade melhor que a nossa.
“O melhor lugar do mundo é aqui e
agora”.
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