Em fevereiro deste ano, pouco
antes do carnaval, recebi a ligação do produtor do meu CD, Dani
Medeiros. Pensei que fosse mais um dos papos que sempre tínhamos:
"Guidi, estou ouvindo aqui e acho que na canção X poderíamos
fazer isso e isso etc.". Mas não era nada disso. Com toda a
tranquilidade, Dani me ligava para dizer que havia sofrido um
acidente (sempre ressaltando que estava bem, para que eu não me
assustasse), que estava no hospital e que ficaria internado por
alguns dias. Fui visitá-lo. Ele realmente estava muito bem, mas
precisava ficar um tempo de molho. Este tempo se estendeu por três
meses, dada a seriedade do caso (era preciso ficar imóvel, apesar da
vontade de trabalhar e seguir a vida normalmente).
Estamos em maio, e eu e ele
volta e meia conversamos, por telefone ou e-mail, falando sobre o que
falta para o CD terminar (tão pouco!), sobre quem vai gravar essa
faixa, quem vai gravar essa outra... E assim estamos indo, tentando
aproveitar ao máximo este período de férias forçadas. Férias
deste trabalho que nos ocupa desde novembro de 2011 - contando com as
primeiríssimas conversas, ainda sem saber quem seria a banda base,
sem ter a menor ideia de quem participaria, sem nada -, que tanto nos
enche de ansiedade e expectativa. Que já nos rendeu tantos momentos
incríveis (e outros nem tanto) no estúdio: papos, crescimentos,
amadurecimentos, risadas, parcerias, músicos sensacionais se
envolvendo com tanta generosidade. E, claro, muita broinha de milho e
mate.
E neste período em que o CD
está na geladeira, o que a princípio seria algo ruim - atraso no
lançamento, perda do "ritmo" das gravações - serviu para
me acenar (e empolgar) com outra possibilidade: a de gravar canções
"soltas". Gravar o que eu quiser, e lançar assim,
simplesmente. Sem esperar que outras nove canções também fiquem
prontas para, aí sim, poder mostrá-las, em um conjunto.
Não pensar em conceito, em
unidade. Lançar na internet. Ter o prazer de caçar outras canções
e pegá-las para mim, torná-las minhas. Produzir muito, gravar
muito. Sem a seriedade de um disco, sem o planejamento que este pede.
Um CD é fundamental para
qualquer artista que trabalhe com música, e só vou respirar
aliviada quando o meu for lançado. Verei meu primeiro trabalho solo
nascer, planejado por mim e pelo Dani com tanto profissionalismo e
cuidado. Se isso já me enche de orgulho agora, imagine só quando eu
estiver com o meu trabalho nas mãos. Será incrível. E será muito
bom também para todos aqueles que colaboraram através do
crowdfunding para que este
projeto pudesse ser realizado. Todas estas pessoas, tenho certeza,
estão à espera, mas educadamente não me pressionam, só me
incentivam e dão força. Vou ficar muito feliz por elas, também.
Poderei dar a contrapartida.
Poderei mostrar que valeu a pena, que o trabalho no qual elas
investiram é de qualidade, e
que toda
esta empreitada foi levada muitíssimo a sério.
Mas já que neste exato momento
não posso levar adiante este trabalho, acho interessantíssima a
ideia de continuar produzindo, mesmo assim. Continuar trabalhando em
outras canções, de outros compositores. É algo que pretendo
continuar fazendo, sempre, nunca deixando impune uma música
irresistível para mim, uma música que me toque profundamente e que
"peça" para ser minha. Gostei? Gravei! Sempre que for
possível, é claro!
Desde que fechei o repertório
deste meu primeiro trabalho, há quase um ano, fiz uma lista das
canções que eu poderia gravar futuramente, em outros CDs. De tempos
em tempos aparecia uma canção incrível. Acredito que esta lista já
conte com uns trinta títulos.
É hora de começar a riscar, um
a um, todos estes itens.
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