terça-feira, 7 de maio de 2013

Começando...




Só quis ser cantora em novembro de 2011. Antes, amava cantar. Era cantora sem ser. Era tudo: atriz, tradutora, revisora, um dia, quem sabe, dançarina, e cantava também. Mas não era cantora. Entende?
A cantora, mesmo só surgiu em novembro de 2011, quando, ao lado de um grande artista, um grande produtor e uma grande cantora senti uma vontade verdadeira. E, que novidade: partia de mim, não de terceiros. E nesta data, neste dia, começou um processo de ir expulsando, aos poucos, a atriz, a tradutora, a revisora e a futura dançarina. Essas foram saindo para dar lugar à cantora; essa, que sempre foi a mais preterida de todas.
A atriz sente saudades (quem sabe um dia?), a tradutora e a revisora nem tanto. A dançarina quase não sente mágoa: nunca dei muita moral para ela, mesmo.
Eu sei, a tradutora e a revisora persistem, como ganha-pão, mas as duas sabem muito bem, agora, que não têm a menor chance. Que o negócio é outro. Sem ofensas, não dá para sonhar com um coisa e fazer outra totalmente diferente - e ainda assim ser feliz. É impossível. É lindo trabalhar com letras. Só não é o meu maior sonho. E pode-se querer realizar algum sonho que não seja o maior? Pode-se, desde que se realize o grandão também... Condição sine qua non.

Ué, mas você canta solo desde 2008. Ué, canta em coro desde 2006. Ué... teve uma banda de rock por seis anos! De 2001 a 2007! Eeeeita! Começou a cantar em 2000, aos 16 anos, em sua PRIMEIRA banda de rock! Yuppie Ratt, lembra?
Então que diabos é isso? Você não quis ser cantora só agora, na beira dos 30...

Sim, é exatamente isso. Só agora. Vocalista, não. Coralista, não. Backing vocal? Adoro ser backing de grandes artistas, sim, mas... Em primeiro lugar, CANTORA. Sou, sim. Demorei a assumir, mas é o que sou. E quem sou eu para ter vergonha disso? Quem sou eu para negar a menina de três anos de idade (ou quatro?) que cantava empolgada, segurando um lápis ou qualquer outra coisa que servisse psicologicamente de microfone?
Que coisa feia - e tão lugar-comum - é negar o que se tem. Feio deixar de lado o que se tem de melhor. Feio deixar para lá porque é fácil. Ora, se é fácil... Aperfeiçoe!
Seja perfeita. Estude. Cante. Veja seus vídeos. Produza material. Grave muito, muito e sempre. Só as melhores músicas, as que VOCÊ ama. Estude o cavaquinho. Volte a estudar teoria e percepção. Volte a escrever suas letras. Volte a compor suas canções simples. Comece a querer mudar.
[Continuando a falar em terceira pessoa, já que comecei] Mas nem tudo são críticas: você anda bem mais atenta a seu figurino e à sua maquiagem. Anda cantando melhor que nunca. Parabéns pelas aulas. Parabéns pelo esforço. Você é boa. Só precisa se convencer disso e não torcer para que a vida, "como sempre", te dê uma rasteira e te deixe na mão, só para que você se sinta no direito de reclamar. Só para que você possa ficar confortável em sua situação de vítima, chorando e pensando no tempo que "perdeu" com essa "história de ser cantora".

Se você ama, assuma de uma vez. Mergulhe de cabeça.

Afinal, aquela menina que cantava para a mãe canções inventadas, cujas letras falavam de bolo de chocolate e outras delícias infantis, encheu o saco de ser jogada de lado e quer sua atenção - mesmo que só agora, 26 anos depois.

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