quinta-feira, 23 de julho de 2015

Apaixonada

Na barca Rio-Niterói, conversando com uma amiga também cantora, falei sobre alguma canção de Gilberto Gil. Não lembro o que disse, nem qual era a canção. Só sei que esta amiga, com quem convivo bastante, disse assim:

- Você fala muito no Gil... Ele é o seu preferido, é?

O que eu entendi, dias depois, foi que esta conversa poderia perfeitamente ter sido assim:


- Porque o Fulano isso, o Fulano aquilo, blá blá blá, o Fulano fez assim assado...
- Você fala muito no Fulano... Você está apaixonada, é?

Voltando um pouco:

Em 2003 trabalhei em uma loja, em Copacabana, onde um dos donos era fascinado por música. Conheci muitas coisas boas através dele, e uma destas coisas muito boas foi esse tal de Gil. Já conhecia um pouco da obra de Gil, é claro, mas não sabia que ele era o compositor de muitas e muitas músicas que eu amava, e que só conhecia na boca de outros intérpretes, e também não sabia da extensão de sua obra. Lá, ouvi "Viramundo" e "Roda", com Sergio Mendes, ouvi "Barato total", com a Gal... Nesta época fui conhecendo várias músicas e ficava boba: todas as composições com as quais eu ficava impressionada pela beleza da melodia, pela letra, por qualquer coisa, todas eram composições do Gil. Ia lá pesquisar e era sempre ele o autor. Comecei a ficar desconfiada: seria ele o Deus da música? Hoje sei que ele não é o Deus de todos, mas talvez seja o meu, aquele que coloco em um altarzinho, para adorá-lo e ouvi-lo.

Na verdade não penso muito em músicos preferidos: antigamente isso era importante para mim, mas hoje não. Creio que os artistas dos quais gosto vão se completando, cada um vai preenchendo lacunas dentro de mim. Mas o fato é que Gil consegue preencher várias destas lacunas. Me faz rir e me emociona, e consegue me fazer amar músicas que nunca haviam chamado minha atenção. "Samba do avião", "Imbalança" e até "Mineirinho" (aquela mesmo, do Só pra Contrariar) são canções que vira e mexe tenho que colocar no aparelho de CD ou no Youtube. Se tornaram necessárias, e a culpa é de Gilberto.


Estes dias fui a uma apresentação de dança de uma amiga e, ao final, colocaram "O canto da ema", na versão do Gil. Algo mudou em mim. Falei com o amigo que estava ao meu lado: "É só ouvir esta voz e esta musicalidade, que já fico empolgada". Como se o homem pelo qual sou apaixonada entrasse no recinto onde estou, me fazendo sentir um frio na barriga, empolgada por estar vivendo aquilo. O ambiente fica feliz quando Gil chega. 

É melhor assumir logo. Sim, amiga, acho que estou apaixonada...

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