domingo, 29 de março de 2015

Não gosto do seu gosto

Lembro que há tempos fui ao festival Claro que é Rock. Apesar de não ter visto o que mais queria (Nação Zumbi, que não se apresentou devido a algum problema que eu nunca soube direito qual foi), vi artistas bem interessantes, como The Flaming Lips, Sonic Youth e Nine Inch Nails. Gostei muito de ter ido.
A questão é: neste dia Iggy Pop também se apresentou. Como Iggy é um símbolo, um cara importantíssimo para o punk, um cara importantíssimo para o rock, em geral, e eu não curti muito o show, lembro que isso rendeu um "mini rebu" entre amigos. Ora, eu não havia gostado? Como assim? Eu só cantava e tocava rock graças a ele, deveria ter um pouco mais de noção etc. e tal.
A parte mais difícil de argumentar sobre algo tão subjetivo quanto o nosso gosto pessoal é: muitas vezes não há uma explicação para o nosso gostar ou não gostar! Às vezes a razão é óbvia, às vezes é nebulosa. Às vezes é só um enfado, uma falta de empolgação, e quase que não é um desgostar: apenas aquilo não te diz nada. Não te comove, nem te incomoda. Sem crise. Mas, infelizmente, falar que não se gosta de algo que um grupo de pessoas venera sempre é complicado (tente falar mal dos Beatles, por exemplo - eu mesma não vou conseguir entender!). Não gostei porque é ruim? Não, porque não tocou meu coração – simples assim! Complexo assim.
Então, me pergunto: por que tentar convencer alguém de algo relativo a preferência? Lembro de uma conhecida levando este assunto (Iggy Pop) a sério, tentando mudar minha cabeça, e ficando ligeiramente chateada comigo, como se algo de “errado” estivesse acontecendo pelo fato de eu não ter curtido. Por que este desespero em tentar convencer de que o outro tem que gostar (ou desgostar)? Não vejo a menor razão para isso. Não lembro de ter sido desrespeitosa em minhas afirmações (nem implacável), não fiz críticas vazias/raivosas, apenas fui sincera quando perguntaram o que achei. Não vou fingir que curti, assim como tampouco diria “que porcaria! Odiei!” - primeiro, porque já passei dessa fase de odiar músicas ou artistas; não rola mais, já deu o que tinha que dar (ou seja, nada). Segundo, porque não é assim que nenhuma conversa minimamente interessante/produtiva vai surgir.
Além de pensar que os gostos pessoais e seus mistérios devem ser respeitados, penso também que não deveríamos levar as preferências musicais do colega para o lado pessoal. É capaz dele realmente não gostar daquilo que você ama. E se estiver só discordando para chamar a atenção, como talvez você pense ser o caso, é algo bobo demais. Será que merece mesmo uma discussão acalorada?
                Mas, provavelmente, ele de fato gosta daquilo que você odeia. E não gosta nem um pouquinho daquilo que você gosta. E onde está a grande tragédia nisso? 

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